Meu barraco, minha vida: ou como a falta de programas sociais atingem Porto Ferreira

Quando as ações sociais de um governo municipal não são colocadas em prática, sabe-se lá por incompetência ou por falta de vontade política, quem perece são os mais necessitados. E sentado em sua confortável cadeira, no primeiro andar do Paço Municipal, o chefe do Poder Executivo faz de conta que nada vê. Ou finge que não vê. . Se o prefeito não cuida nem daquilo que está sob seu próprio nariz…o que será dos bairros e da população?

A menos de 100 metros do prédio da Prefeitura, onde o prefeito Rômulo Rippa diz que dirige a cidade, está instalado há meses um pequeno barraco feito de caixas de papelão. O mocó, ou melhor, a moradia adaptada, é habitada por um homem cuja história pouca gente se interessa. Para a administração municipal, é apenas “mais um” problema.

Para se proteger do mau tempo e das intempéries, aquele homem escolheu a igreja e um banco de praça como paredes adaptadas. Sim, a praça Olímpia Meirelles de Carvalho, no coração da cidade, é o endereço de alguém, um ser humano que se torna invisível quando há incapacidade de se resolver o problema.

Uma pesquisa publicada pelo Ipea com base em dados de 2015 projetou que o Brasil tem pouco mais de 100 mil pessoas vivendo nas ruas. Das 101.854 pessoas em situação de rua, 40,1% estavam em municípios com mais de 900 mil habitantes e 77,02% habitavam municípios com mais de 100 mil pessoas. Já nos municípios menores, com até 10 mil habitantes, a porcentagem era bem menor: apenas 6,63%, como é o caso de Porto Ferreira.

Porém, o que está em jogo na cena que qualquer cidadão pode conferir quando passa pela praça é a falta de políticas públicas para atender os moradores de rua, gente sem-teto, que escolheu Porto Ferreira para morar e vive de esmola, mendigando um prato de comida.

Para piorar o cenário, as estatísticas não ajudam: apenas 47,1% da população de rua estimada está cadastrada, segundo os dados coletados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Além disso, os moradores e moradoras de rua compõem um dos grupos sociais de maior vulnerabilidade. No Brasil, foram registrados ao menos 17 mil casos de violência contra moradores de rua entre 2015 e 2017, segundo o Ministério da Saúde.  O número leva em conta os casos em que a motivação principal do ato violento era o fato de a pessoa estar em situação de rua.

Em Porto Ferreira, a Prefeitura precisa sair da inércia: deve desenvolver e disponibilizar um diagnóstico melhor da população de rua. O governo municipal também deve implementar uma competente vigilância socioassistencial. Porque do jeito que está a situação é lamentável.

Como todos sabem o Censo 2020 vai estar nas ruas. A administração municipal pode criar uma ferramenta para a contagem dessa população, conhecendo melhor quem está em situação de rua e qual é a melhor forma de ajudar essa gente para ter uma vida digna.

Quando um administrador público faz de conta que o morador de rua é invisível, o prefeito contribui diretamente para o processo de favelização da cidade.

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