A quem acredite que a misoginia (preconceito contra a mulher) seja a mais antiga e estrutural forma de discriminação da espécie humana. Embora alterada ao longo das últimas décadas, a situação ainda é alarmante. O Brasil ocupa segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) o 5º lugar no ranking mundial de feminicídios, perdendo apenas para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres.
A recente pandemia do Novo Coronavírus que assola o Brasil e o mundo e o consequente isolamento social, principal medida para contenção da doença, fizeram os casos de violência doméstica dispararem neste período. O alerta para aumento do número de casos de violência física e sexual contra as mulheres é da ONU e da OMS (Organização Mundial da Saúde), que pedem prioridade dos governos no tratamento da questão.
Diante deste cenário de violência, que não exclui municípios menores como é o caso de Porto Ferreira, a Ação Da Mulher Trabalhista (AMT) da cidade iniciou uma campanha de assinaturas propondo a criação de uma Delegacia de defesa da mulher. O abaixo-assinado é uma forma de chamar a atenção de governantes locais e estaduais para a demanda e pressionar posicionamentos e medidas para a cidade.
A campanha, em sua argumentação, relembra o caso do desaparecimento da empresária Lucilene Maria Ferrari, de 48 anos, em dezembro de 2019 no município. “Recentemente o desaparecimento da empresária Lucilene Maria Ferrari tomou proporção nacional nos noticiários e ainda hoje, três meses após o acontecimento, o caso segue sem respostas. Este e tantos outros casos de violência na cidade indicam que não estamos imunes à brutalidade deste quadro”.
O texto ainda faz menção a um outro grave problema, a questão das subnotificações dos casos de violência, por medo e/ou desinformação, e a dificuldade, por conta disto, de se mapear estatisticamente a real situação das mulheres ferreirenses.
Para Anne Muraro, 21, membra da AMT, a iniciativa “trará mais segurança para as nossas ferreirenses na medida em que essas se sentirão amparadas por um órgão especializado nesse tipo de atendimento”. Ela ainda acrescenta que “além de efetivar as denúncias, a atuação abrange o devido acolhimento da vítima e oferece os serviços necessários durante todo o processo. Por fim, ao centralizar essas ocorrências, teremos dados concretos que nos ajudem na formulação de políticas públicas efetivas de prevenção à violência contra a mulher em nosso município”.
Até o presente momento mais de 650 pessoas já assinaram virtualmente o documento. O objetivo é angariar mil assinaturas para a defesa da causa.
Para assinar clique no link: http://chng.it/CyPXnKtwBZ
*** Por Felipe Lamellas Graduando em Jornalismo (UNESP)