Os estrangeiros abriram a semana com o apetite a risco nas alturas. Mas tudo tem limite. Fizeram preço no mercado cada tiro e granada do bolsonarista Roberto Jefferson contra a Polícia Federal (PF) no domingo. Em dólares, o Ibovespa mergulhou nada menos que 6%. Enquanto isso, em Nova York, bolsas em alta de mais de 1%. O episódio foi lido pelo mercado como um possível prenúncio.
O presidente Jair Bolsonaro reiteradas vezes avisou que não reconheceria nem decisões da Justiça, tampouco eventual derrota nas urnas. Entre as ameaças, várias vezes convocou seu eleitorado a se armar. O amigo Jefferson seguiu essa cartilha ao extremo ao resistir por 14 horas à cadeia. Acabou detido não só por descumprir acordo que lhe conferia prisão domiciliar, mas também pelo flagrante de quatro tentativas de homicídio.
Isso tudo posto, a aversão dos estrangeiros ao Brasil fica bem resumida em alertas feitos em agosto por um dos gestores mais influentes do país. Luis Stuhlberger, do fundo Verde, alertava na ocasião sobre o risco de uma crise da "República das Bananas" . Caso seja confirmada uma derrota apertada de Bolsonaro para Lula, vislumbrava o guru, poderiam surgir focos de insurgência armada, tal e qual a de Jefferson ontem. Algo semelhante ao ocorrido nos EUA, quando Donald Trump e apoiadores não aceitaram a decisão dos eleitores.
Na prática, um Estado pode até não gastar mais do que arrecada. Mas, do ponto de vista fiscal, de nada adianta ao mesmo tempo deteriorar o estado democrático de direito. Essa insegurança leva à fuga de capitais, inflação e alta de juros, talvez até em maior medida do que se um teto de gastos desabar. E quanto mais turbinada essa espiral, mais caro fica o endividamento público.
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*Fonte: Valor Investe – valor@news.valor.com.br