Os estudantes de hoje têm de lidar com um problema – e ele não está escrito no quadro negro. Eles estão tão acostumados a constantes estímulos de aplicativos de smartphone e plataformas de streaming que não conseguem se concentrar na aula.
As gerações Z (idades entre 10 e 24 anos) e Alpha (até 9 anos de idade) nasceram em um mundo onde os algoritmos os mantêm clicando e navegando em um ritmo frenético.
Agora, os professores também têm um problema. Como você adapta o currículo escolar para estudantes criados em meio à tecnologia? E isso pode comprometer a educação tradicional
O desenvolvimento inicial do cérebro é um assunto complexo, mas, nos últimos anos, pesquisadores em todo o mundo manifestaram preocupações sobre o impacto que smartphones e o hábito de consumir diferentes mídias simultaneamente podem ter sobre a capacidade de concentração.
"Há um conjunto crescente de evidências – que não ainda foram totalmente validadas e podem ser contestadas – de que a tecnologia, as redes sociais, o acesso instantâneo à internet e os smartphones prejudicam a capacidade das crianças de se concentrar", diz Jim Taylor, autor de Raising Generation Tech(Criando a Geração Tech, em tradução livre). "Estamos mudando a forma como crianças pensam e como seus cérebros se desenvolvem."
Leitura prejudicada
Os efeitos da tecnologia ficam mais claros em uma das atividades escolares mais tradicionais, a leitura, especialmente quando as crianças migram das mídias digitais baseadas em texto para aplicativos repletos de imagens como Instagram e Snapchat.
"Hoje, os alunos parecem achar especialmente exaustivo ler textos complexos ou longos sem fazer pausas constantes. No passado, os alunos pareciam estar acostumados a se dedicar a um texto por um longo período de tempo", diz Erica Swift, professora do 6º ano de uma escola de Sacramento, nos Estados Unidos. "Você percebe a falta de resistência deles, ao pedir intervalos de descanso ou ao conversar com os colegas em vez de estudar. Alguns até mesmo desistem por completo de leituras mais longas."
Simplesmente transferir o texto para um aparelho eletrônico não ajuda, o que indica que o problema é mais complexo do que uma simples preferência pelas telas em detrimento de algo impresso em papel.
Taylor explica que o ato de prestar atenção não só tem um valor inerente, mas funciona como porta de entrada para formas mais profundas de aprendizado – especialmente em termos de memória.
"Sem a capacidade de prestar atenção, crianças não conseguem processar informações. Eles não consolidam o conhecimento na memória, o que significa que não podem interpretar, analisar, resumir, criticar e chegar a uma conclusão sobre a informação recebida", diz ele.
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*Fonte: epocanegocios.globo.com