Em meio a um cenário de crise fiscal e demandas urgentes da população, a Câmara dos Deputados aprovou, ontem – terça-feira (06/05), um projeto que aumenta o número de parlamentares no país.
A proposta, que eleva de 513 para 531 o total de deputados federais a partir de 2026, foi aprovada com 270 votos a favor e 207 contra, demonstrando a força de um Congresso que parece mais interessado em ampliar seus próprios privilégios do que em promover um debate sério sobre eficiência e contenção de gastos públicos. A medida ignora um ponto crucial: o Brasil já tem um dos Congressos mais caros do mundo, com despesas que ultrapassam R$ 13 bilhões por ano.
Quem paga a conta? Enquanto o governo federal discute ajustes fiscais que impactam serviços essenciais e a população mais vulnerável, a Câmara decide ampliar sua própria estrutura. Estados como Santa Catarina e Pará ganharão quatro cadeiras cada, enquanto Amazonas, Rio Grande do Norte e Mato Grosso terão duas vagas adicionais. Goiás, Ceará, Minas Gerais e Paraná também serão beneficiados com mais um representante.
A pergunta que fica é: qual a real necessidade desse aumento? O Brasil já enfrenta uma grave crise de representatividade, com baixa confiança nas instituições e uma percepção generalizada de que o Congresso está distante das prioridades da população. Em vez de discutir reformas que melhorem a qualidade do legislativo ou reduzam custos, os deputados optam por ampliar seus quadros, garantindo mais cargos e influência para as bancadas estaduais.
Privilégio acima da eficiência – o projeto segue agora para o Senado, onde a tendência é que seja aprovado sem grandes resistências. Afinal, a lógica do "quanto mais, melhor" parece imperar entre os políticos brasileiros, mesmo quando o país enfrenta desafios como o aumento da pobreza, a precariedade da saúde pública e a necessidade de investimentos em infraestrutura.
Enquanto o cidadão comum sofre falta de serviços básicos, a elite política assegura seus próprios interesses. O aumento do número de deputados não significa mais eficiência legislativa, mas sim mais despesas, mais cargos e, claro, mais espaço para negociatas e acomodações partidárias.
É a velha política mostrando sua face mais gastadora e distante do povo – e, infelizmente, sem qualquer constrangimento em relação a isso. Enquanto não houver um debate sério sobre o tamanho e o custo do Estado, continuaremos assistindo a esse ciclo de privilégios e desperdício, onde quem sempre paga a conta é o contribuinte.
*Fonte: www.estadao.com.br