Sob os escombros de tendas improvisadas e casas destruídas, o Exército de Israel continua a escrever seu rastro de sangue em Gaza. Neste domingo (11), mais 11 civis foram mortos em ataques aéreos, a maioria mulheres e crianças, somando-se aos mais de 52,8 mil palestinos mortos em 19 meses de uma guerra que já é a mais letal do século XXI para civis. Enquanto isso, o bloqueio total a alimentos, remédios e abrigos completa dez semanas, aprofundando uma crise humanitária descrita pela ONU como "catástrofe fabricada".
Alvos civis, justificativas militares
Dois dos ataques recentes atingiram tendas de desabrigados em Khan Younis, matando famílias inteiras. No Hospital Nasser, corpos de dois pais e seus filhos chegaram carbonizados, enquanto um adolescente de 16 anos morria no norte, vítima de um míssil israelense. O Exército israelense, que não comentou os casos, repete o discurso de que "só ataca terroristas" — mesmo quando hospitais, escolas e rotas de fuga viram alvos.
A estratégia de Israel, porém, é clara: punir coletivamente uma população sitiada para pressionar o Hamas. O bloqueio a ajuda humanitaria — inclusive itens básicos como água e analgésicos — já levou à fome 577 mil pessoas (30% da população), segundo a ONU. "Israel não está apenas matando com bombas, mas com fome e doenças", acusa Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês para Refugiados.
Cúmplices do massacre
Enquanto Gaza enterra seus mortos, o governo de Donald Trump reafirma apoio irrestrito a Israel, omitindo-se diante de relatórios que acusam o país de violar a Convenção de Genebra. A visita de Trump a aliados árabes nesta semana, excluindo Israel, parece uma encenação diplomática: os EUA seguem financiando a máquina de guerra israelense com US$ 3,8 bilhões anuais em ajuda militar.
A resistência palestina e o custo humano
O Hamas, grupo que iniciou o conflito com o ataque de 7 de outubro de 2023, é citado por Israel como justificativa para a carnificina. Mas os números falam por si: 1 terrorista morto para cada 40 civis, segundo a Anistia Internacional. Dos 59 reféns ainda em Gaza, apenas 20 podem estar vivos — um preço altíssimo para uma operação que, sob o pretexto de "defesa", revela-se limpeza étinica.
O silêncio cúmplice
A comunidade internacional, após 19 meses, ainda não conseguiu frear a máquina de morte israelense. Enquanto a Europa discute sanções à Rússia pela Ucrânia, Gaza vive um apartheid militarizado com aval do Ocidente. "O mundo normalizou o extermínio de palestinos", denuncia o escritor israelense David Grossman.
Enquanto isso, em Khan Younis, mães enterram filhos com as mãos vazias — sem lençóis para os cadáveres, sem lápides, sem justiça.
*Fonte: www.estadao.com.br – www.camara.leg.br – www.folhape.com.br