A Aliança Democrática (AD), coligação entre o Partido Social Democrata (PSD) e o CDS-PP, conquistou 89 cadeiras, o que representa 32,72% dos votos. Com políticas focadas na redução de impostos, controle da imigração e enfrentamento da crise habitacional, a AD assume a liderança do parlamento.
No entanto, a impossibilidade de formar um governo majoritário sem alianças torna o cenário político incerto. Luís Montenegro manteve sua postura de "não é não" em relação a uma possível parceria com o Chega, o que o obriga a buscar apoio em outros partidos de centro-direita, como a Iniciativa Liberal (IL). A IL, que obteve 9 cadeiras (5,53% dos votos), poderá ser um aliado crucial, mas ainda assim insuficiente para garantir a maioria absoluta necessária (116 cadeiras).
O Partido Socialista (PS), de centro-esquerda, sofreu sua pior derrota em décadas, empatando em cadeiras com o Chega. Com 58 cadeiras (23,38% dos votos), o líder Pedro Nuno Santos anunciou sua renúncia, destacando a necessidade de renovação interna após o resultado desfavorável.
Em contraste, o partido Chega, de extrema-direita, foi o grande destaque da eleição. Liderado por André Ventura, o partido quadruplicou sua bancada desde 2022, alcançando 58 cadeiras (22,56% dos votos), consolidando-se como a terceira maior força política do país. As bandeiras do Chega, como o combate à imigração descontrolada, leis mais duras contra a corrupção e criminalidade (incluindo a controversa proposta de castração química para estupradores reincidentes), ressoaram em grande parte do eleitorado, com Ventura declarando o fim do bipartidarismo tradicional em Portugal.
A esquerda radical também sentiu o impacto da reconfiguração eleitoral. O Bloco de Esquerda (BE) teve uma queda drástica, de 5 para apenas 1 deputado (2,00% dos votos), enquanto a Coligação Democrática Unitária (CDU), que reúne o PCP e o PEV, obteve seu pior resultado histórico, com 3 cadeiras (3,03% dos votos). A única exceção na esquerda foi o Livre, que cresceu de 4 para 6 deputados (4,20% dos votos), destacando-se por suas políticas progressistas e ambientais.
Outros partidos como o Pessoas–Animais–Natureza (PAN) manteve sua única cadeira, e o Juntos Pelo Povo (JPP), um partido regionalista da Madeira, entrou no parlamento pela primeira vez com 1 cadeira.
A nova composição parlamentar aponta para um cenário de fragilidade governativa em Portugal. A Aliança Democrática enfrentará o desafio de formar um governo estável sem a maioria absoluta, dependendo de complexas negociações e da capacidade de articulação com outros partidos.
O avanço da extrema-direita e a crise na esquerda tradicional sinalizam uma nova era na política portuguesa, marcada pela fragmentação e pela necessidade de redefinição das estratégias dos principais blocos políticos.
*Fonte: g1.globo.com