O vazio existencial está presente na vida de todo ser humano, em maior ou menor grau. É sentido e vivenciado em inúmeras circunstâncias da existência humana. Ele emerge diante de situações peculiares e às vezes estressantes na vida do sujeito. Também pode ser observado diante dos vários lutos e perdas vividos ao longo da vida do indivíduo. Permeia alguns distúrbios e patologias psíquicas, como a própria depressão. É vivenciado, de forma explícita ou implícita, no cotidiano de cada ser humano toda vez que o mesmo se questiona, reflete e filosofa acerca do verdadeiro sentido da vida.
O agravamento do sofrimento psíquico em decorrência do vazio existencial pode acarretar num estado em que o indivíduo sente-se incapaz de se auto-regular. Surge, então, a depressão como forma de expressar essa lacuna interior, que usualmente leva a pessoa a uma sensação de perda do sentido da vida. É na depressão que a solidão se torna mais evidente, a sensação de estar sozinho consigo mesmo diante do mundo se aprofunda. Há um embotamento dos sentimentos, das relações e da vida como um todo. A existência perde seu significado, o indivíduo sente-se vazio, abandonado, insignificante.
É justamente na depressão que todas as questões existenciais se tornam mais fortes e mais presentes. Se o indivíduo utilizou inúmeros mecanismos de defesa para interromper o contato consigo mesmo e com o mundo, é provável que seu quadro tenderá a evoluir para um sofrimento psíquico cada vez maior. Com a depressão, ele se vê diante de si mesmo e começa a se questionar acerca de sua vida e do significado de sua existência.
Do mesmo modo com se faz presente diante de inúmeras situações de vida, o vazio existencial também pode ser entendido, preenchido, amenizado, acolhido e abraçado em algumas circunstâncias – sejam elas através da filosofia que tenta apreender e explicar a sua essência; através do trabalho que proporciona ao indivíduo um sentido de utilidade e bem-estar; por meio das artes de uma forma geral, visto que as mesmas preenchem ou extravasam sentimentos e vivências; com a religião que consegue dar ao indivíduo um sentido e sentimento de transcendência; ou mesmo através da Psicologia que proporciona ao cliente um verdadeiro mergulho na sua essência, possibilitando-o entender-se e aceitar-se tal como verdadeiramente é.
Texto de Roberta Montefusco Peripato – psicóloga CRP 06/54767-4