O Ministério do Trabalho, através de sua sede em São Carlos, deverá realizar, nas próximas semanas, uma Mesa Redonda para tentar encontrar uma solução para a crise financeira que abala a Cerâmica Porto Ferreira e ameaça sua existência. A reunião foi solicitada pelo Sindvico, que representa os 428 trabalhadores da empresa. A Cerâmica Porto Ferreira está em recuperação fiscal desde 2017, quando foi assumida por um fundo de investimentos.
Atualmente, a empresa está cem por cento com as operações paralisadas e acumula uma dívida de cerca de R$ 80 milhões. Desde o mês de junho a CPF não vem pagando os salários de seus funcionários. A Elektro chegou a cortar a energia elétrica da empresa, mas, segundo informações, através da Justiça, a concessionária teria religado a energia.
O presidente do Sindvico, Sérgio Teodoro, afirma que o trabalho do Sindicato tem sido no objetivo de negociar de forma a encontrar um denominador comum para todas as partes. “Torcemos e atuamos para que a empresa possa viabilizar a sua volta às atividades produtivas, mas que os trabalhadores não sejam prejudicados. O pior para todo seria o encerramento definitivo das atividades e a extinção destes postos de trabalho. Nossa maior preocupação é em manter estes quase 500 empregos. Se a empresa fechar o impacto social sobre toda a cidade de Porto Ferreira será muito grande”, afirma ele.
Teodoro destaca que a crise da CPF se aprofundou após a pandemia da Covid-19 em 2020. Ele explica que a construção civil está vivendo um momento difícil, que tem atingido Santa Gertrudes e outras cidades que produzem pisos.
HISTÓRIA – A maior empresa de Porto Ferreira durante muitas décadas foi a “Cerâmica Porto Ferreira”. Criada em 1921, como Fábrica de Louças produzia faianças, louças de mesa branca. Na década de 50, através de um financiamento de 6 milhões de cruzeiros, conseguido graças ao bom relacionamento de Syrio Ignátios, político e empresário local, com Horácio Lafer, político e empresário do ramo de papel. Com o capital emprestado, foram importados maquinários (bens de produção) dos Estados Unidos. Em 1953, a Cerâmica Porto Ferreira contava com 600 empregados, capital de 18.000.000,00, com o ativo total de 40.000.000,00 de cruzeiros, ocupava um área de 16000 metros quadrados e sua produção atingiu 10 milhões de peças19.
Em 1957, um novo empréstimo completou o ciclo de expansão, aumentando em oito vezes a capacidade produtiva da empresa, que passou a liderar o mercado nacional de louça branca de mesa. No final da década de 80, a empresa parou de produzir faiança e passou a se dedicar somente ao ramo de revestimento cerâmico.
Aos poucos, surgiram novas fábricas cerâmicas advindos de ex-funcionários da CPF, ao perceberam o potencial do negócio pela alta demanda do produto de cerâmica artística de decoração e, também, provenientes da escola artesanal. Vale salientar que a própria Cerâmica Porto Ferreira criou a “Cerâmica Artística Forjaz, que funcionou entre as décadas de 50 e 60”.