Economia: a tilápia será o novo frango?
Divulgado em 01/10/2024 - 06:39 por portoferreirahoje*
De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a tilápia é a proteína que mais cresce no mundo – de 2022 para 2023, o avanço foi de 3,1%.
Atualmente, a cada três peixes consumidos no Brasil, um é tilápia, de acordo com o IBGE. No Brasil, representa 65% do cultivo total de peixes, que em 2023 somou 887 mil toneladas e gerou uma receita de R$ 9 bilhões.
Segundo a Peixe BR, hoje o Brasil é o quarto maior produtor dessa espécie, com 8% do volume total. Em primeiro lugar está a China, com mais de 30% da produção, seguida da Indonésia e do Egito.
Produção de tilápia cresce apostando na oportunidade de negócios
O presidente da Peixe BR lembra que a tilápia começou a ganhar espaço há cerca de oito anos, quando o setor passou a desenvolver ações para melhoria da produção. “Nos últimos dez anos, a produção cresceu 10,3% ao ano. Nós não temos nenhuma outra proteína animal com esse resultado”, comenta Francisco Medeiros ao Agro Estadão.
Além disso, a tilápia é o produto de pescado brasileiro mais exportado – vai para 48 países. O executivo destaca que a demanda por peixes de cultivo está crescendo no mundo inteiro e, prova disso, é que a tilápia é produzida em 90 países e consumida em 140. Hoje, ela não é apenas um peixe.
“A tilápia é uma commodity e o empresário brasileiro sabe produzir proteína animal commodity. Daí para migrar para a tilápia foi muito fácil. Hoje, os principais produtores de tilápia são os maiores produtores de aves e suínos”, diz Medeiros.
Produção fácil e lucrativa
Além de saborosa para o paladar, a tilápia é uma espécie fácil de criar. Basicamente, precisa de água e alimento. “O Brasil tem muita água para fazer isso, tem clima, e tem insumos para fornecer a ração”, resume o pesquisador em genética e melhoramento animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Alexandre Caetano.
O especialista aponta que, em algumas regiões, é possível fazer mais de dois ciclos de produção por ano e, além disso, tem baixo custo de produção. Por ser onívora, a espécie não precisa de uma ração com tanta proteína animal como os peixes carnívoros, o que barateia o custo na alimentação.
Caetano conta ainda outra vantagem: “Se deixar machos e fêmeas juntos em um tanque, eles se reproduzem naturalmente.
Afinal, a tilápia será o novo frango?
Com a oportunidade que o setor tem de crescimento, a tilápia pode ganhar a preferência dos consumidores pelo frango? Hoje, o consumo de pescado ainda é bem inferior ao de aves no Brasil – a proporção é de 40 kg de aves per capita para 10 kg de peixes per capita.
O pesquisador da Embrapa concorda que a tilápia pode tornar-se o “novo frango”. Em relação a outros peixes, ela já é a preferida do mercado, por ser um produto fácil de processar e que pode ser entregue ao consumidor fresco ou congelado
No entanto, economicamente o frango ainda é mais vantajoso para o produtor. Enquanto as aves têm um ciclo de produção que pode variar entre oito e 12 semanas, a tilápia demora de cinco a seis meses.
“A tilápia tem potencial para ser o novo frango. Mas o melhoramento genético do frango vem acontecendo há muitas décadas. Ainda temos todo um trabalho de melhoramento genético para ser feito na tilápia. A velocidade de crescimento e a eficiência alimentar ainda não chegaram aos patamares do frango”, conclui o pesquisador.
Fonte: agro.estadao.com.