Fidelidade Canina: Bolsonaristas exigem lealdade absoluta do políticos do PSD para acesso a cargos
Divulgado em 14/04/2025 - 06:00 por portoferreirahoje*
Em um movimento que expõe as tensões no espectro político da direita brasileira, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro têm cobrado do PSD – e em especial de seu presidente, Gilberto Kassab – uma "fidelidade canina" aos ideais bolsonaristas como condição para ocupar cargos em governos alinhados e receber apoio nas próximas eleições.
A exigência, feita de forma aberta em grupos de apoiadores e em reuniões partidárias, ameaça marginalizar políticos que não aderirem integralmente à agenda do bolsonarismo, classificando-os como "traidores" e cortando-lhes o acesso a votos e influência.
Segundo fontes próximas ao círculo bolsonarista, a pressão sobre Kassab e o PSD tem se intensificado desde o início de 2025, com a justificativa de que o partido – que já flertou com diferentes correntes políticas – precisa definir-se como "100% alinhado" ao bolsonarismo para ser considerado confiável. Ameaças veladas já circulam em redes sociais e encontros de militantes: sem essa submissão, o PSD seria tratado como "inimigo" e seus membros, defenestrados da preferência do eleitorado de direita.
"Ou o PSD assume de vez o compromisso com nossas bandeiras, ou não terá espaço nem voto. Quem não está conosco está contra nós", declarou um influente líder bolsonarista, sob anonimato.
A estratégia reflete uma tentativa de consolidar um bloco ideológico coeso, mas também revela o tom punitivista que tem marcado as relações dentro da direita pós-governo Bolsonaro.
Gilberto Kassab, conhecido por sua habilidade negociadora e trajetória pragmática, agora enfrenta o desafio de equilibrar a autonomia do PSD com as demandas cada vez mais inflexíveis de seus eventuais aliados. Enquanto setores do partido defendem uma postura independente, outros temem o custo eleitoral de romper com a base bolsonarista – hoje decisiva em várias regiões do país.
"Kassab está numa sinuca. Se ceder, o PSD vira um satélite do bolsonarismo; se resistir, pode ser queimado por eleitores que enxergam política como uma guerra de identidades", analisa um deputado do partido, que preferiu não se identificar.
A exigência de alinhamento absoluto, porém, pode ter efeitos colaterais. Ao radicalizar o discurso, os bolsonaristas correm o risco de afastar setores moderados e aprofundar divisões internas na direita. Enquanto isso, o PSD avalia se vale a pena pagar o preço da subordinação em troca de apoio efêmero – ou se buscará outros caminhos, mesmo que sob ataques furiosos das redes bolsonaristas.
Uma coisa é certa: no jogo de poder da direita brasileira, a "fidelidade canina" tornou-se a moeda de troca – e quem ousar questioná-la será tratado como herege.
*Fontes: Agência Pública - agendadopoder.com.br - www.canalmeio.com.br