"Mercado Finaceiro" contra o povo: por que a elite financeira quer congelar o salário mínimo?

Divulgado em 14/04/2025 - 09:00 por portoferreirahoje*

Enquanto o governo Lula cumpre a promessa de recompor o poder de compra do salário mínimo – que subiu 6,97% acima da inflação desde 2023 –, vozes influentes do mercado financeiro, lideradas pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, defendem o congelamento do reajuste real.

A proposta, alinhada aos interesses da chamada "Faria Lemers", ignora que 48 milhões de brasileiros dependem diretamente do mínimo para sobreviver, além de impactar aposentadorias e benefícios sociais.

A contradição do mercado

Em entrevistas recentes, Fraga argumenta que a política de valorização real do mínimo "distorce o mercado de trabalho" e pressiona a inflação – tese refutada por economistas progressistas. Dados do Dieese mostram que, mesmo com os aumentos, o valor atual do salário mínimo nacional de R$ 1.518,00 está abaixo do poder de compra, que esse tinha entre 2010 e 2014, quando chegou a ser próximo de 300 dolares.


"É hipocrisia pura. O mesmo mercado que lucra bilhões com juros altos agora quer economizar nas costas dos mais pobres", denuncia Maria Lima, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).


O custo humano do ajuste

A vinculação do mínimo ao PIB e à inflação, em vigor desde 2011, reduziu a desigualdade em 15% na década passada. Segundo o Ipea, cada um real de aumento no salário mínimo, injeta dois reais na economia, beneficiando comércios locais e microempresas.Entre 2003 e 2016, o mínimo cresceu 77% acima da inflação, tirando 20 milhões da pobreza.

Se a ideia dos "líderes do mercado financeiro - como do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga prevalecer, a perda acumulada até 2026 seria equivalente a um mês de alimentação básica por família. A pressão por congelamento revela a disputa entre dois projetos. 

Governo Lula  gostaria de manter a política de valorização como eixo de inclusão, com aumento real de acordo com crescimento PIB até o ano 2030, com possibilidade do salário mínimo atingir o patamar superior a 400 dólares mensais.

De outro lado, temos os líderes do mercado finaceiro, esses querem congelar os aumentos reais do salário mínimo, e se possível deixar a correção anual abaixo dos indicadores de inflação, como aconteceu no Brasil durante o regime militar, periodo marcado por forte arrocho salarial e aumento da pobreza no pais, tudo isso para garantir superávits fiscais, uma política econômica que beneficia os mais ricos em detrimento dos mais pobres.


"É uma guerra de classes disfarçada de debate técnico", analisa o economista Eduardo Fagnani (Unicamp). "Quem defende teto para o mínimo, mas não para lucros e dividendos, deixa claro seu projeto de país."


Fontes: www.poder360.com.br - valor.globo.com