Federação entre Republicanos e MDB: uma salada indigesta no "Cardápio Político", vai dar certo?
Divulgado em 08/05/2025 - 11:00 por portoferreirahoje*
"... Ah, Brasília... o palco de tantas uniões matrimoniais convenientes, onde o amor ideológico parece ter validade de contrato de aluguel..."
Desta vez, os holofotes se voltam para o mais novo e, digamos, peculiar casal político: Republicanos e MDB. É como tentar misturar óleo e água, mas com a audácia de quem acredita piamente que, com a retórica certa, até torres de Babel se sustentam.
De um lado, o Republicanos, ostentando com fervor o título de guardião do "conservadorismo da sociedade brasileira". Imaginamos as reuniões de cúpula adornadas com a trilha sonora de marchas militares e discussões acaloradas sobre os "bons e velhos tempos" – que, curiosamente, nunca são definidos com precisão. E, claro, não podemos esquecer da sua forte ligação com a Igreja Universal, aquela instituição que, com a mesma desenvoltura com que ergue templos suntuosos, influencia bancadas parlamentares.
Do outro lado do altar (ops, da mesa de negociações), temos o MDB. Ah, o MDB! O partido que, em seus tempos de glória, brandia a bandeira do progressismo, da pluralidade e da inclusão social. Um passado de lutas que, para alguns mais céticos, parece ter ficado em algum porão empoeirado do Congresso Nacional, trocado por um pragmatismo que faria Maquiavel sorrir.
E o que teria levado esses dois polos aparentemente opostos a trocarem olhares (e, principalmente, votos)? O cupido dessa união improvável atende pelo nome de "União Brasil e PP".
Ao verem a formação de uma robusta bancada de 108 deputados e 14 senadores, MDB e Republicanos sentiram aquele frio na espinha de quem percebe que a festa pode ficar pequena demais para todos. A máxima de "juntos somos mais fortes" ecoou nos corredores, mesmo que a união soe tão natural quanto um show de rock sinfônico com participação de galinhas caipiras.
Marcos Pereira, presidente do Republicanos, em um momento de rara poesia em suas redes sociais, chegou a falar em "compartilhar propostas importantes para o Brasil e uma visão comum de compromisso com a boa política". É quase enternecedor, se não fosse tragicômico. Quais seriam essas propostas em comum? Um projeto de lei que obrigue a tocar sertanejo raiz em todas as igrejas? Uma cota para pastores evangélicos embaixadores? As possibilidades são vastas e, convenhamos, ligeiramente assustadoras.
Baleia Rossi, o comandante do MDB, por sua vez, deve estar explicando aos seus correligionários mais nostálgicos que essa "federação" é apenas uma estratégia tática, um mal necessário para "equilibrar o jogo". Afinal, em política, como em um bom carteado, às vezes é preciso blefar com cartas duvidosas.
O fato é que, se essa união de fachada se concretizar, teremos uma bancada considerável: 88 deputados e 15 senadores. Um número que, no balcão de barganhas de Brasília, pode render bons dividendos.
Mas a pergunta que não quer calar é: a que custo? Será que o eleitorado, essa criatura às vezes teimosa, engolirá essa salada mista indigesta? O "conservador convicto" votará em um partido com histórico progressista (mesmo que em hibernação)? O eleitor que outrora vibrou com as pautas do MDB se sentirá representado por um partido com laços tão estreitos com uma agenda religiosa específica?
Aguardemos os próximos capítulos dessa novela com pitadas de tragicomédia. Afinal, em Brasília, a única certeza é que a cada dia surge uma nova união (ou separação) que nos faz questionar se a política é mesmo a arte do possível, ou apenas um grande palco para o ilusionismo. E, neste caso, que truque farão Republicanos e MDB para convencer o público de que essa água e óleo, no final das contas, formam uma mistura homogênea e saborosa? As apostas estão abertas.
*Fonte: www.poder360.com.br