A taxa de desemprego na Argentina subiu para 7,9% no primeiro trimestre de 2025, o maior patamar desde o terceiro trimestre de 2021. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) e revelam uma alta de 1,5 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2024 e de 0,2 ponto frente ao mesmo período do ano anterior.
O aumento ocorre em um contexto de forte reestruturação econômica promovida pelo presidente Javier Milei, cujo plano de ajuste severo resultou na eliminação de mais de 210 mil empregos formais registrados desde o início de seu governo, segundo o Centro de Economia Política Argentina (Cepa).
Apesar de o país ter registrado um crescimento econômico acumulado de 6,1% no trimestre, setores essenciais para a geração de emprego, como a construção civil e a indústria, sofreram retrações significativas, com a perda de 81.871 e 25.510 vagas, respectivamente, entre o fim de 2024 e março de 2025.
O levantamento do Indec aponta que, nos 31 principais conglomerados urbanos do país, o número de desempregados chegou a 1,136 milhão de pessoas, 199 mil a mais que no trimestre anterior. Em contrapartida, os empregos formais assalariados caíram para 6,1 milhões (menos 200 mil vagas), enquanto os empregos informais diminuíram em 100 mil, chegando a 3,5 milhões — o equivalente a preocupantes 36,3% do total de assalariados.
A única categoria em expansão foi a dos trabalhadores autônomos, que somaram 3,6 milhões — 100 mil a mais do que no fim de 2024 —, refletindo uma tendência crescente de informalização e precarização do trabalho.
Além disso, a administração pública foi o setor mais impactado pelas demissões, com a redução de 130.102 postos em decorrência das políticas de enxugamento do Estado. Também houve perdas relevantes nos serviços de transporte e armazenamento (–53.672 empregos).
Mesmo com o cenário preocupante atual, economistas consultados pelo Banco Central argentino projetam uma queda na taxa de desemprego para 6,5% até o fim de 2025, ancorada em uma possível recuperação do PIB estimada em 5,2%.
No total, o país contabiliza 13,3 milhões de ocupados — 73% deles assalariados — e uma população economicamente inativa de 15,5 milhões, dos quais apenas 0,9% estariam em condições de ingressar no mercado de trabalho.
O panorama traçado pelo Indec sugere que, embora haja sinais pontuais de retomada econômica, o atual modelo de ajuste está aprofundando desigualdades e fragilizando o tecido social e produtivo argentino.
*Fonte: gazetadopovo