Governo Federal e Petrobras criticam lentidão nos repasses da redução para os consumidores e apontam resistência dos donos de postos e das distribuidoras, que aproveitam para aumentar os lucros em detrimento dos consumidores.
Mesmo com a expectativa de alívio no preço dos combustíveis após cortes promovidos pela Petrobras, a gasolina voltou a subir nos postos brasileiros na última semana. De acordo com dados divulgados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o preço médio do litro da gasolina foi de R$ 6,17 — um aumento de R$ 0,01 em relação à semana anterior.
A frustração é grande: desde o anúncio de redução nas refinarias no início de junho, o preço na bomba caiu apenas R$ 0,04, ou seja, um terço do valor estimado pela Petrobras. A lentidão no repasse dos cortes virou alvo de críticas tanto do governo quanto da própria estatal. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, chegou a sugerir que os consumidores pressionem os postos a baixar os preços.
A manutenção dos valores nas bombas tem impacto direto na inflação. A gasolina tem o maior peso no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado como referência para as decisões do Banco Central sobre a taxa de juros. No início do mês, o economista André Braz, da FGV, projetou que o repasse completo poderia gerar uma redução de 0,10 ponto percentual no índice — o que agora parece improvável.
Apesar da leve alta no preço da gasolina, o etanol hidratado segue em queda nos postos, vendido a R$ 4,00 por litro, R$ 0,01 a menos que na semana anterior. No entanto, nas usinas, o preço subiu R$ 0,03, chegando a R$ 2,57 por litro. Já o etanol anidro, que representa 27% da mistura da gasolina, também teve um leve aumento nos postos, de R$ 0,01, mas não suficiente para justificar a falta de repasse total da queda nas refinarias.
O diesel S-10, por sua vez, manteve-se estável, com preço médio de R$ 6,02 por litro. Desde o pico registrado em fevereiro, o combustível acumula queda de R$ 0,45 por litro após três cortes consecutivos promovidos pela Petrobras.
O cenário reforça o debate sobre a formação de preços no setor de combustíveis e coloca em xeque a eficácia das medidas da estatal diante de um mercado que, segundo o governo, resiste a repassar os benefícios ao consumidor final.
*Fonte: uol.com.br