Apesar de ter manifestado apoio a Donald Trump e até usado boné com o slogan “make america great again”., Tarcísio de Freitas tenta transferir para o governo Lula a responsabilidade pelas tarifas impostas pelos EUA que penalizam justamente as exportações paulistas
Em mais um episódio que evidencia a confusão entre lealdade ideológica e interesse público, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a demonstrar apoio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, a atitude chama atenção por sua dissonância com os interesses econômicos do próprio estado que governa.
A incoerência ganha contornos mais graves diante do recente anúncio do governo americano sobre a imposição de novas tarifas sobre produtos brasileiros — medida que afeta diretamente o agronegócio e setores industriais de São Paulo, maior polo exportador do país para os EUA. Em vez de condenar a política protecionista de Trump, o governador preferiu mirar no governo federal, acusando a diplomacia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “fracasso estratégico” e atribuindo ao Planalto a culpa pelas sanções comerciais.

A postura de Tarcísio soa contraditória: em janeiro deste ano, durante uma viagem aos Estados Unidos, o governador apareceu em fotos usando um boné vermelho com os dizeres “make america great again”. Agora, diante das consequências práticas e negativas desse alinhamento, tenta se desvincular dos impactos econômicos de decisões tomadas por seu ídolo político.
Economistas e analistas comerciais classificaram como “irresponsável” a tentativa de culpar o governo federal por uma medida que parte exclusivamente de Washington e que reflete a retórica nacionalista de Trump, voltada à proteção da indústria americana em detrimento de acordos comerciais internacionais.
É um erro político e técnico jogar nas costas do Itamaraty uma decisão de Trump que tem motivação eleitoral – solicitou praticaticamente a não punição aos atos golpistas de 08 de janeiro de 2023 e protecionista. Além disso, o estado de São Paulo será o mais prejudicado pelas tarifas. Esperava-se, no mínimo, uma postura mais crítica do governador frente ao presidente estadunidense.
Tarcísio, que construiu sua carreira política com base na imagem de gestor técnico e eficiente, parece agora mais disposto a manter laços ideológicos com figuras da extrema-direita no Brasil e no mundo, do que a defender os interesses econômicos concretos do estado de SP.
*Por Marco Antônio Mourão ** Charge produzida com auxílio de IA