Investigações revelam arquivamento irregular, propina e liberação de helicóptero apreendido em esquema criminoso
Dois policiais civis de São Paulo, Sérgio Ricardo Ribeiro e Marcelo Marques de Souza, conhecido como Marcelo Bombom, e o advogado Anderson dos Santos Domingues foram denunciados na última sexta-feira (18/07) sob acusações de corrupção, vazamento de informações sigilosas e outros delitos.
A denúncia é resultado da Operação Agusta, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Federal.
As investigações apontaram um esquema de favorecimento ilegal a pessoas investigadas mediante pagamento de propina. Entre as irregularidades identificadas estão o arquivamento irregular de procedimentos policiais, o repasse clandestino de informações protegidas por sigilo e a apresentação de documentos falsos para a restituição de bens apreendidos.
Marcelo Bombom já estava preso desde fevereiro, acusado de integrar um grupo de policiais civis que extorquia dinheiro do empresário e delator Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos. Sérgio Ribeiro foi detido há cerca de três semanas, na deflagração da Operação Agusta. O advogado Anderson dos Santos Domingues teve o pedido de prisão preventiva negado pela Justiça e responde em liberdade.
O empresário e piloto da Copa Truck Roberval de Andrade também está envolvido no caso. Segundo a investigação, ele pagou propina aos policiais para que um helicóptero de sua propriedade, apreendido em uma operação de combate ao tráfico de drogas e armas, fosse liberado.
Roberval firmou um acordo de não persecução penal com o Gaeco, confessando o crime de corrupção, comprometendo-se a entregar provas de pagamento de propinas, e concordando com o pagamento de uma multa de R$ 600 mil e a perda do helicóptero.
O inquérito contra o grupo teve início a partir da quebra do sigilo telemático do celular de Marcelo Bombom, apreendido durante a investigação das denúncias feitas por Gritzbach. A análise do aparelho revelou conversas entre Bombom e Ribeiro sobre acordos para beneficiar amigos, incluindo Roberval de Andrade. As mensagens indicam que Roberval teria pago R$ 700 mil para a liberação de seu helicóptero Agusta AW109, apreendido em abril de 2022.
A investigação também aponta que os pagamentos tinham intermediação do advogado Anderson dos Santos Domingues, que teria recebido comissão por intermediar a liberação do helicóptero. Domingues já foi alvo de outra operação da Polícia Federal, a Mafiusi, que investigou um suposto esquema de tráfico internacional de cocaína e lavagem de dinheiro.
Além disso, mensagens obtidas na investigação indicam que Ribeiro e Bombom teriam recebido R$ 10 mil para não realizar procedimentos básicos de investigação em favor de um empresário amigo de Bombom. Os policiais também são acusados de compartilhar dados financeiros sigilosos com o advogado Domingues, colocando em risco outras investigações.
Fonte: Folha de S Paulo