Pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical testam imunizante seguro e eficaz com tecnologia semelhante à usada em vacinas contra HPV e Hepatite B
A pesquisa brasileira por uma vacina eficaz contra o vírus zika acaba de dar um importante passo. Cientistas do Instituto de Medicina Tropical (IMT), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), concluíram com sucesso os testes em camundongos geneticamente modificados, demonstrando que o imunizante é seguro e eficiente em impedir a infecção pelo vírus.
O estudo utilizou roedores especialmente suscetíveis ao zika, e os resultados foram considerados animadores: a vacina induziu à produção de anticorpos neutralizantes e impediu que a infecção evoluísse para sintomas e lesões nos animais. “Os resultados indicam forte potencial do imunizante para prevenir os danos causados pelo vírus, especialmente nos tecidos mais sensíveis, como cérebro e testículos”, explicam os pesquisadores.
Além disso, os testes também analisaram o impacto do vírus em diversos órgãos, como rins, fígado e ovários, com destaque para os bons resultados obtidos no cérebro e nos testículos — regiões críticas por estarem associadas às sequelas mais graves da infecção pelo zika, como microcefalia em recém-nascidos e comprometimento da fertilidade.
A vacina utiliza a plataforma de partículas semelhantes a vírus (VLPs, na sigla em inglês), uma tecnologia já usada com sucesso em vacinas contra a Hepatite B e o HPV. Essa abordagem permite criar uma resposta imunológica eficaz sem a necessidade de adjuvantes, substâncias normalmente incluídas para intensificar o efeito da vacina.
Com os resultados animadores nos testes laboratoriais, o próximo desafio da equipe será preparar a vacina para os testes pré-clínicos e, futuramente, em humanos. O avanço representa uma esperança concreta no combate a um vírus que causou uma grave emergência de saúde pública no Brasil e em outros países da América Latina na última década.
Fonte: Agenciabrasil