O dilema agora é equilibrar qualidade e acesso: como manter o EAD viável sem excluir quem depende dele?
O futuro do ensino a distância (EAD) no Brasil está em xeque com as novas regras do Ministério da Educação (MEC), que podem levar ao fechamento de quase 20 mil polos de apoio presencial, que atingirá mais de 60 % do total em operação no país.
Dos mais de 50 mil polos registrados no MEC, menos de 10 mil ultrapassam 100 matrículas. A crise se agrava porque muitas instituições usam os polos apenas como endereço administrativo, já que cursos 100% on-line dispensavam atividades presenciais, prática permitida durante a pandemia, mas agora barrada pelo MEC.

Segundo presidente da Associação Nacional das Universidades Privadas do Brasil (Anup), o fechamento em massa deixará alunos de municípios menores desassistidos. Os grandes grupos educacionais, porém, sentirão menos impacto: os polos em risco concentram menos de 10% das matrículas de EAD. Já polos com mais de 1.000 alunos, próximo dos 5% do total, abrigam quase 50% dos estudantes.
Para a Anup, a portaria publicada em 14 de julho estabelece que provas não contam como carga horária presencial e limita a abertura de novos polos a 60 por ano (antes eram 150). Para cursos de saúde e engenharia, que exigem mais aulas práticas, a adaptação será difícil em regiões sem estrutura. O novo marco cria a figura do “mediador pedagógico” (docente com mestrado ou doutorado, pago pela faculdade), enquanto o tutor fica restrito a tarefas administrativas.
Com a histórica falta de fiscalização, busca por lucro fácil por parte dos proprietário e acionistas da universidades privadas no Brasil e certo comodismo por parte dos alunos, os polos de EAD viraram “fachadas” para cursos popularmente chamados de “caça níqueis”, são cursos ruins, de baixa empregabilidade, porém extremamente lucrativo para instuições de ensino privadas.
O MEC afirma que as instituições terão dois anos para se adequar, mas o setor prevê aumento de mensalidades e queda nas matrículas. O dilema agora é equilibrar qualidade e acesso: como manter o EAD viável sem excluir quem depende dele?