“Tarifa Bolsonaro” deve entrar em vigor em 1º de agosto: Brasil se prepara para impacto comercial
Faltando apenas seis dias para o prazo estipulado por Donald Trump, empresários americanos e lideranças políticas do Senado brasileiro já trabalham com a certeza de que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que está sendo apelidada de “Tarifa Bolsonaro”, será implementada a partir de 1º de agosto.

A medida, sem precedentes recentes na relação bilateral, é vista como um duro golpe nas exportações do Brasil aos Estados Unidos e abre um novo capítulo de tensão entre os dois países.
Apesar de ainda haver incertezas sobre o alcance exato da medida, se será aplicada a todo o universo tarifário ou se haverá exceções para certos produtos, a avaliação em Brasília é de que não há margem para negociação com a atual administração americana.
O governo brasileiro, embora tente manter as tratativas em um eixo exclusivamente econômico-comercial, reconhece que a decisão de Trump está atrelada a um conjunto de pressões políticas, incluindo o apoio declarado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a busca por maior liberdade regulatória para as big techs norte-americanas.
A tarifa de 50% representa apenas o primeiro passo de uma ofensiva de Trump contra o Brasil. Paralelamente, a Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR) já iniciou uma investigação formal sobre a relação comercial entre os dois países, processo que pode se estender por até um ano e abrir caminho para novas sanções.
Em meio ao agravamento do cenário, o governo Lula adotou uma estratégia de contenção. Segundo fontes em Brasília, o Brasil não planeja retaliar, mas trabalha discretamente em um plano de mitigação para minimizar os efeitos da tarifa sobre setores mais sensíveis da economia. Entre as medidas cogitadas, estão incentivos fiscais internos, redirecionamento de exportações e negociações com outros mercados.
O clima, no entanto, é de apreensão. Líderes empresariais e políticos avaliam que a ofensiva americana pode se intensificar a partir de setembro ou outubro, especialmente à medida que avança o julgamento de Bolsonaro no Brasil.
Por ora, o governo brasileiro adota cautela, pois lidar com o governo Trump é administrar contradições o tempo todo. A contagem regressiva para o impacto da “Tarifa Bolsonaro” já começou, e o governo federal corre contra o tempo para suavizar seus efeitos.
Fonte: Jornal Valor Econômico