Argentina sob Milei: entusiasmo político não basta para vencer a crise econômica crônica

País segue sem acesso a mercados internacionais de dólar, apesar de resgate bilionário do FMI, e enfrenta desconfiança de investidores devido a histórico de calotes e reservas em colapso

O presidente Javier Milei chegou ao poder em 2023 prometendo uma revolução liberal para tirar a Argentina do poço econômico, mas, dezesete meses depois, o país continua sem conseguir o que mais precisa: financiamento barato em dólar.

Apesar de um pacote de US$ 20 bilhões do FMI e de negociações bilionárias com credores multilaterais, o governo segue impedido de emitir dívida em moeda estrangeira nos mercados globais, um sinal claro da desconfiança persistente dos investidores.

A Argentina é um caso raro no mundo: nove calotes soberanos em sua história, o último em 2020. Esse histórico, somado às crises cíclicas e às altas taxas de juros, fechou as portas do crédito internacional ao país por quase duas décadas.

Os títulos argentinos até se valorizaram após a eleição de Milei, mas os custos implícitos de empréstimos ainda são proibitivos. O fantasma do fracasso do governo ” liberal ” de Mauricio Macri (2015–2019) assombra: após um retorno triunfal aos mercados em 2016, a crise de 2018 levou ao maior resgate da história do FMI e a novas perdas para credores.

Luis Caputo, atual ministro da Economia de Milei e ex-trader de Wall Street, foi arquiteto da volta da Argentina aos mercados sob Macri, incluindo a polêmica emissão de um título de 100 anos em 2017, que acabou reestruturado em 2020.

Agora, repetindo a estratégia, conseguiu novos empréstimos (US$ 20 bi do FMI e US$ 22 bi de multilaterais) e emitiu títulos em pesos conversíveis em dólares. Mas o acesso ao mercado internacional de dólares, crucial para refinanciar dívidas, ainda não aconteceu.

A Argentina ainda não cumpriu a meta de recompor suas reservas internacionais, que seguem negativas em US$ 6,4 bilhões (já descontados os passivos). A escassez de dólares piora com a política cambial de Milei, que drenou bilhões do Banco Central para segurar o peso e conter a inflação.

Sem reservas sólidas e com pagamentos vencidos (como os US$ 57 bilhões ao FMI), Milei depende de manobras como acordos de recompra com bancos. Mas, sem acesso ao mercado de capitais, a situação econômica do país já frágil e poderá ficar ainda mais comprometida sem novos empréstimos estrangeiros.

Fonte: Folha de S. Paulo

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