Mais de 10 mil infectados em Foshan; autoridades retomam estratégias da pandemia de Covid-19 e OMS alerta para risco de expansão global
A China enfrenta o maior surto de chikungunya de sua história, com mais de 10 mil pessoas infectadas nas últimas semanas, principalmente na cidade de Foshan, na província de Guangdong, no sul do país. A rápida disseminação da doença, causada por um vírus transmitido por mosquitos, levou o governo chinês a adotar medidas de contenção semelhantes às aplicadas durante a pandemia de Covid-19.
Entre as ações emergenciais estão a hospitalização obrigatória por no mínimo sete dias, quarentenas domiciliares, campanhas de desinfecção em massa e uso de drones para localizar focos de mosquitos. Cidadãos que mantiverem água parada em suas residências estão sujeitos a multas de até 10 mil yuans (cerca de R$ 7.100), e, em casos extremos, têm o fornecimento de energia elétrica cortado como forma de punição.
A combinação de chuvas intensas e temperaturas elevadas agravou a situação no sul do país, criando um ambiente ideal para a proliferação do Aedes mosquito responsável por transmitir o vírus. A doença provoca febre alta, dores articulares intensas, fadiga e erupções cutâneas, e, embora não seja contagiosa entre pessoas, pode causar surtos graves em regiões com pouca imunidade populacional.
O médico César López-Camacho, do Instituto Jenner da Universidade de Oxford, classificou o cenário na China como um “surto significativo”, destacando que o país nunca havia enfrentado uma transmissão local sustentada da chikungunya. Segundo ele, a ausência de exposição anterior ao vírus pode ter facilitado sua propagação rápida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou preocupação com o avanço do surto e recomendou o sequenciamento genético do vírus para avaliar possíveis mutações que o tornem mais adaptável a novas espécies de mosquitos o que pode comprometer a eficácia de vacinas em desenvolvimento.
Cidades vizinhas a Foshan também começaram a registrar casos, e especialistas alertam para o risco de a doença ultrapassar fronteiras, especialmente em regiões tropicais e com alta mobilidade internacional. Segundo dados do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, mais de 240 mil casos já foram registrados em 2025, com 90 mortes em 16 países a maioria deles na América do Sul.
Para os viajantes, as orientações incluem o uso de roupas compridas, repelente, telas de proteção ou permanência em ambientes com ar-condicionado. Em caso de sintomas como febre e dores articulares após visita a áreas de surto, a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente.
Fonte: R7.com