Governo brasileiro reage a nota da embaixada norte-americana que endossa acusações de censura e perseguição contra ministro do STF
O Ministério das Relações Exteriores convocou nesta quinta-feira (7) o encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos após a publicação de uma nota polêmica pela Embaixada dos EUA em Brasília, que endossava críticas severas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Durante o encontro, o diplomata norte-americano foi recebido pelo embaixador Flávio Goldman, secretário interno de Europa e América do Norte, que expressou ao representante norte-americano a “pura indignação” do governo brasileiro diante da postura adotada pela embaixada.
A reação brasileira foi motivada por uma publicação, em português, no perfil oficial da Embaixada dos EUA, que replicava declarações de Darren Beattie, subsecretário de Diplomacia Pública do governo norte-americano. Beattie classificou Moraes como “abusador dos direitos humanos” e “principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores”.
O post também mencionava que Moraes teria sido sancionado pela Lei Magnitsky, o que incluiria o congelamento de bens e a proibição de entrada nos Estados Unidos. Ainda segundo a publicação, outros ministros do STF seriam responsabilizados caso apoiassem as decisões de Moraes um tom de ameaça direta, inédito nas relações diplomáticas recentes entre os dois países.
Além do encontro com o Itamaraty, Gabriel Escobar também esteve reunido com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, em Brasília. Após o encontro, Alckmin classificou a conversa como “boa”, sem dar detalhes sobre o conteúdo discutido.
A nota publicada pela embaixada gerou repercussão imediata no meio político e jurídico, sendo considerada pelo governo brasileiro como uma interferência inaceitável nos assuntos internos do país. O episódio pode provocar um novo capítulo de tensão diplomática entre Brasília e Washington, sobretudo em meio à já delicada relação entre o STF e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Fonte: metropoles.com