Nova tarifa de 50% imposta pelos EUA atinge em cheio as exportações de máquinas agrícolas e peças industriais; impacto pode comprometer mais de US$ 1 bilhão
Piracicaba, no interior de São Paulo, tornou-se o epicentro dos impactos causados pela nova tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A sobretaxa entrou em vigor nesta quarta-feira (6) e representa um aumento significativo sobre os 10% já cobrados anteriormente, afetando diretamente setores estratégicos da economia brasileira especialmente os industriais.
Segundo levantamento do Estadão, baseado em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Piracicaba é a cidade brasileira mais afetada pela medida. Em 2024, o município exportou US$ 1,052 bilhão em máquinas agrícolas, caldeiras, peças e instrumentos mecânicos para os Estados Unidos itens agora incluídos na lista de produtos sobretaxados.
A nova política comercial norte-americana atinge em cheio o polo industrial piracicabano, conhecido pela forte atuação no setor de máquinas e equipamentos agrícolas, com destaque para empresas como a Case IH e outras montadoras da região. De acordo com especialistas, a sobretaxa compromete seriamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano, abrindo espaço para concorrentes de países não afetados pela medida.
“O impacto é imediato e preocupante. Com esse aumento, nossos produtos ficam menos atrativos no exterior, podendo comprometer contratos e reduzir o ritmo de produção local”, avalia um empresário do setor.
Embora Piracicaba lidere o ranking de prejuízos, outros municípios paulistas também serão afetados pela medida, como Matão, Colina e Pederneiras, todos com forte atuação em exportações industriais. Fora de São Paulo, cidades como Barcarena (PA), Guaxupé (MG) e Joinville (SC) também aparecem entre os principais polos vulneráveis ao tarifaço.
A medida afeta os 30 principais produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024, com exceção de 694 itens isentos, como suco de laranja, celulose e aeronaves da Embraer. Por outro lado, carnes, pescados, café e, principalmente, máquinas e aparelhos mecânicos estão na lista dos produtos que passaram a ser sobretaxados.
Com os novos desafios, empresários e entidades de classe já pressionam o governo brasileiro por negociações diplomáticas que minimizem os impactos da decisão norte-americana sobre a economia nacional e, sobretudo, sobre polos industriais estratégicos como Piracicaba.
Fonte: rmptv.com.br