Empresário acusado de matar gari em querela de trânsito tem prisão preventiva decretada em BH

Renê da Silva Nogueira Júnior segue preso; juiz rejeitou pedido de relaxamento da prisão, citando que o homicídio foi cometido “em plena luz do dia, por motivo fútil”

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, suspeito de assassinar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, durante uma discussão de trânsito na última segunda-feira (11/08), em Belo Horizonte, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça de Minas Gerais. A decisão foi tomada pelo juiz Leonardo Damasceno, da Central de Audiência de Custódia, durante sessão realizada nesta quarta-feira (13).

O Ministério Público havia solicitado a manutenção da prisão, enquanto a defesa do empresário pedia o relaxamento, argumentando que ele é réu primário, tem bons antecedentes e residência fixa. No entanto, o magistrado considerou que há elementos suficientes para mantê-lo preso, como a perseguição policial, a identificação do veículo e o reconhecimento por testemunhas.

O crime ocorreu após uma querela motivada por uma breve interrupção no trânsito causada por um caminhão de coleta de lixo. Segundo o juiz, o homicídio foi cometido “em plena luz do dia, por motivo fútil”, reforçando a gravidade do caso.

Renê Nogueira Júnior estava detido no Ceresp Gameleira desde terça-feira (12/08), após prestar depoimento no Departamento de Homicídios (DHPP). O juiz também negou o pedido de sigilo do processo, afirmando que a publicidade é a regra e que não há justificativa para restrição no caso.

Agora, o empresário permanecerá preso por tempo indeterminado, aguardando as próximas etapas do processo. A morte do gari Laudemir chocou a capital mineira e reacendeu o debate sobre violência no trânsito e impunidade.

O que se sabe sobre o caso

O gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, foi morto a tiros na manhã desta segunda-feira (11), após um empresário se irritar com a presença do caminhão de lixo na rua e exigir espaço para passar com seu carro.

O crime aconteceu pela manhã, no encontro das ruas Jequitibá e Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, em BH. Laudemir Fernandes estava trabalhando na coleta de lixo quando Renê Júnior passou de carro pela rua.

Após se irritar com o fato de o caminhão de lixo estar na rua e ameaçar a motorista do veículo exigindo espaço para passar, o empresário desceu do carro e disparou contra Laudemir. Segundo os próprios trabalhadores, eles tentaram fugir mas um dos disparos acabou atingindo a vítima. “Vai matar a gente trabalhando?”, chegou a questionar um dos colegas de Laudemir.

De acordo com o registro policial, o empresário Renê Júnior teria se irritado com a motorista do caminhão de coleta de lixo. A mulher que dirigia o caminhão afirmou que tinha espaço suficiente para o carro passar, mas o condutor teria ameaçado atirar “na cara” dela. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse.

O condutor falou com ela: ‘Se você esbarrar no meu carro, vou dar um tiro em você. Você duvida?‘ Ela entrou em choque, e os coletores começaram a falar pra ele não fazer isso. Foi quando um deles, o Laudemir, levou um tiro”, contou o sargento da Polícia Militar, Thiago Ribeiro.

Quem é o suspeito do crime?

Renê da Silva Nogueira Júnior é casado com uma delgada da Polícia Civil de Minas Gerais. Em um perfil em uma rede social, com quase 30 mil seguidores, ele se apresenta como “Christian, husband, father & patriot” (em português: cristão, marido, pai e patriota).

No perfil profissional, Renê se intitula CEO da empresa Fictor Alimentos. Em nota, a Fictor Alimentos LTDA confirmou que Renê era prestador de serviços da organização há cerca de duas semanas e foi desligado. Já a Fictor Alimentos S/A negou qualquer vínculo empregatício com ele.

O suspeito também cita que já trabalhou em grandes empresas do ramo alimentício e de bebidas.

O empresário é marido de Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, delegada de polícia. Atualmente, Ana Paula está lotada na Casa da Mulher Mineira, unidade policial inaugurada pela Policia Civil em março de 2022.

O que o preso alegou à polícia?

Após ser abordado na academia, o suspeito negou à polícia que tenha cometido o crime. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, no entanto, consta a informação de que ele afirmou que a arma é de sua mulher. Em entrevista coletiva, a polícia disse investigar que arma foi usada para matar o gari.

Quem era a vítima?

Laudemir de Souza Fernandes é descrito por familiares e amigos como um homem do bem e trabalhador. O gari trabalhava havia nove anos para uma empresa terceirizada que presta serviços de limpeza urbana à Prefeitura de Belo Horizonte, e estava prestes a ser promovido. Ele deixa uma filha de 15 anos e uma enteada, além da companheira.

Trabalhava todo dia, acordava 4 horas da manhã, para um dia depois do Dia dos Pais acontecer um trem desse. É muito ruim, horrível, não tem nem explicação para um sentimento desse.”, disse Pedro Fernandes, sobrinho de Laudemir.

Quem é a esposa do suspeito e por que ela é investigada?

A Subcorregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais abriu uma investigação e um procedimento disciplinar para apurar a conduta da delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, mulher de Renê da Silva Nogueira.

A arma apreendida, que, segundo o boletim de ocorrência resultou na morte do gari, estava em nome da delegada. A informação foi dada pelo próprio suspeito em depoimento à polícia. A mulher não estava no veículo no momento da discussão com o gari.

Segundo a Polícia Civil, Ana Paula segue na função mesmo sendo investigada por uso de arma pelo marido e não há indicação para o afastamento.

O que disse a esposa da vítima?

A companheira da vítima, Liliane França, com quem Laudemir vivia havia cinco anos, se emocionou ao relembrar a rotina e ao pedir justiça pelo crime.

Ele vai me fazer muita falta, muita falta mesmo. Era uma pessoa que respeitava, que cuidava da gente com muito carinho. Todos os dias de manhã ele falava que iria voltar. Dessa vez, ele não voltou para casa. Me devolveram o Lau num caixão“, desabafou a companheira.

A viúva também falou sobre relatos recorrentes de Laudemir sobre a falta de respeito de parte da população com os profissionais da limpeza urbana.

Fonte: G1 Globo – MG

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