Em encontro com banqueiros e CEOs, governador de SP é tratado como presidenciável; elite financeira cobra superávit a qualquer custo, desvinculação de gastos sociais e fim do reajuste real do salário mínimo
O governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi recebido no último sábado (16/08) como presidenciável por alguns dos principais banqueiros e empresários do país em um almoço oferecido por Alexandre Bettamio, co-head global do Bank of America, na Fazenda Boa Vista.
No encontro, que reuniu nomes como Milton Maluhy (Itaú), Mário Leão (Santander), Rubens Ometto (Cosan), Raul Calfat (Embraer), Marcos Molina (Marfrig), José Auriemo (JHSF), Alexandre Birman (Arezzo&Co) e o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o discurso não foi apenas sobre política, mas sobre o que o mercado financeiro espera do próximo presidente.
Na visão da chamada “Faria Lima”, a prioridade é um ajuste fiscal rígido, com busca de superávit primário a qualquer custo, mesmo que isso signifique cortar direitos e reduzir a rede de proteção social. Entre as cobranças feitas de forma explícita ou velada, estão: desvincular o aumento do salário mínimo das aposentadorias, acabar com o reajuste real do mínimo, além de rever a obrigatoriedade constitucional de investimentos mínimos em Saúde e Educação.
Durante sua fala de quase duas horas, Tarcísio apresentou números que considera positivos de sua gestão em SP, defendeu eficiência administrativa e se colocou como alguém capaz de garantir estabilidade para os negócios.
O governador, entretanto, manteve postura cuidadosa, evitando ataques diretos a adversários e reforçando sua lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político.
O evento, marcado por aplausos e pela clara deferência ao governador paulista, evidenciou o interesse do mercado financeiro em eleger um nome comprometido com uma agenda de austeridade radical, mesmo que isso implique retrocessos sociais significativos.
Fontes: Folha de S.Paulo; Estadão e O Globo