Presidente Lula participa da cerimônia em Iracemápolis; montadora aposta em SUVs de luxo híbridos e elétricos e mira exportações para o Mercosul
A Great Wall Motor (GWM) deu um passo decisivo no Brasil e na América Latina ao inaugurar, nesta sexta-feira (15), sua primeira fábrica no continente. Localizada em Iracemápolis (SP), no antigo complexo da Mercedes-Benz, desativado em 2021, a unidade já iniciou a produção de SUVs híbridos e elétricos de alto luxo, com preços entre R$ 199 mil e R$ 325 mil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do evento e incentivou a montadora chinesa a utilizar o Brasil como plataforma estratégica de exportação para a América Latina, ampliando a integração produtiva com o Mercosul.
Estrutura reciclada e foco no Mercosul
Para acelerar o início da produção, a GWM comprou linhas de montagem no Japão, testadas em sua matriz e adaptadas no Brasil, além de importar robôs e componentes da China. O presidente da GWM Internacional, Parker Shi, afirmou que a empresa está aproveitando o regime de importação CKD (carros desmontados), mas ressaltou que a estratégia é avançar para uma rede de fornecedores locais, visando cumprir a exigência de 35% de nacionalização dos veículos destinados ao Mercosul.
Diferente da BYD
O movimento da GWM contrasta com o da também chinesa BYD (Build Your Dreams), que inaugurou em julho seu complexo em Camaçari (BA), no antigo espaço da Ford, onde promete fabricar o SUV Song Plus (híbrido plug-in) e o Dolphin Mini (100% elétrico). Enquanto a BYD aposta em um polo industrial completo, a GWM inicia a montagem em São Paulo e gradualmente expande sua base de produção nacional.
Mercado em transformação
Em 2024, a GWM vendeu 29 mil veículos no Brasil e já soma 16 mil unidades no primeiro semestre deste ano. O avanço da montadora simboliza um novo perfil para a indústria automotiva nacional, tradicionalmente dominada por marcas europeias, americanas e japonesas.
Além da GWM, outras chinesas já operam no país, como JAC e Chery, e novas marcas se preparam para entrar, entre elas Neta, Omoda & Jeecoo, GAC e Zeekr. Também devem desembarcar no Brasil a Changan, FAW, Dongfeng e a BAIC (com caminhões Foton), o que pode elevar para 16 o número de montadoras chinesas no mercado nacional.
Com a chegada da GWM e de outros players asiáticos, especialistas apontam que o Brasil pode se tornar um dos principais polos de produção e exportação de veículos eletrificados no Ocidente.
Fonte: jc.uol.com.br