Três grandes queimadas atingiram áreas de canaviais e de preservação permanente em diferentes cidades da região; autoridades suspeitam de ação criminosa e alertam para avanço da prática
O interior de São Paulo enfrenta uma sequência preocupante de incêndios em áreas rurais e de preservação, que pode ser apenas o prenúncio de um período ainda mais crítico. Entre sexta-feira (22) e sábado (23), queimadas de grandes proporções foram registradas em Casa Branca, Ibaté, São Carlos e Aguaí, exigindo a mobilização de equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Guardas Civis Municipais e brigadistas das usinas locais.

No caso mais recente, registrado entre Ibaté e São Carlos, um incêndio em uma vasta área de canavial mobilizou dezenas de profissionais e equipamentos pesados. A Prefeitura de Ibaté informou neste domingo (24) que as chamas já haviam sido controladas, mas não há informações sobre a extensão do estrago. Guardas municipais perseguiram um motociclista flagrado ateando fogo, mas ele conseguiu fugir pelo canavial. A suspeita de crime ambiental eleva a gravidade da ocorrência.
Em Aguaí, o fogo iniciado em um canavial da Usina Abengoa se espalhou rapidamente para uma área de mata próxima a bairros residenciais, consumindo cerca de 60 hectares. Já em Casa Branca, um incêndio às margens da Rodovia SP-340 devastou seis hectares de vegetação e área de proteção permanente.
Embora nenhuma vítima tenha sido registrada, os danos ambientais e o risco de expansão das chamas para áreas urbanas expõem a vulnerabilidade da região diante da combinação explosiva entre estiagem, ventos fortes e, sobretudo, ação criminosa.
Empresas do setor sucroenergético, como a Raízen, reiteram que não utilizam fogo em seus processos e adotam colheita mecanizada, além de manter brigadas e planos de contingência. Ainda assim, a repetição dos episódios em diferentes cidades mostra que as medidas preventivas, embora relevantes, não são suficientes diante da prática deliberada de incêndios.
A sucessão de ocorrências acende um sinal de alerta. Com a intensificação da seca nos próximos meses, especialistas temem que o número de focos aumente significativamente, ampliando os prejuízos ambientais, econômicos e sociais. Mais do que ações emergenciais, será necessário fortalecer a investigação e punir responsáveis, para frear um ciclo criminoso que ameaça transformar o interior paulista em um corredor permanente de fumaça e devastação.
Fonte: G1 São Carlos