Bombardeios contra o Hospital Nasser matam 15 civis, incluindo quatro jornalistas; a escalada revela uma política sistemática de silenciamento da imprensa.
Os ataques israelenses contra o Hospital Nasser, na Faixa de Gaza, nesta segunda-feira (25), não foram apenas mais um capítulo sangrento da guerra. Foram também um recado explícito: jornalistas que ousam mostrar ao mundo a devastação imposta à população palestina não estão a salvo. Ao menos 15 pessoas morreram, entre elas quatro profissionais de imprensa, inclusive o cinegrafista da Reuters, Hussam al-Masri.
A agência de notícias transmitia ao vivo quando a primeira explosão interrompeu a gravação, ceifando a vida de al-Masri e ferindo gravemente o fotógrafo Hatem Khaled. Outros três jornalistas também tombaram sob o fogo israelense: Mariam Abu Dagga, freelancer da Associated Press, Mohammed Salama, da Al Jazeera, e Moaz Abu Taha, que ainda não tinha sua afiliação confirmada.
Não se trata de “danos colaterais”. Desde outubro de 2023, mais de 240 jornalistas palestinos foram mortos por ataques israelenses, segundo o Sindicato de Jornalistas Palestinos. O padrão é evidente: em Gaza, a câmera é tão ameaçadora quanto um míssil. Mostrar a dor dos civis é, para Tel Aviv, um ato imperdoável.
A morte em série de profissionais da imprensa representa uma afronta direta às convenções internacionais, que garantem a proteção de hospitais e de jornalistas em zonas de conflito. Ao ignorar essas normas, Israel não apenas destrói vidas, mas mina deliberadamente o direito da comunidade global à informação.
Até agora, nenhuma palavra oficial do governo israelense sobre os ataques. O silêncio cúmplice fala por si. Trata-se de uma guerra não apenas contra um povo, mas contra a verdade — uma tentativa de apagar do mapa, e das manchetes, a realidade brutal de Gaza.
Fonte: Band Jornalismo e Reuters