Enquanto criminosos agem livremente, vítimas acumulam dívidas e o governo estadual falha em oferecer resposta efetiva
A escalada da insegurança no trânsito de Campinas expõe um cenário desolador para motoristas. Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) revelam que, de janeiro a julho de 2025, os furtos de veículos cresceram 2% em relação ao mesmo período do ano passado — foram 3.710 registros contra 3.618 em 2024. Mais grave, porém, é a queda na recuperação dos automóveis: 2.325 neste ano, contra 2.629 no anterior, o que representa um tombo de quase 12%.
Na prática, o resultado é o mesmo: trabalhadores que dependem do carro para garantir o sustento veem-se endividados, sem perspectiva de ressarcimento e abandonados pelo poder público.
Um exemplo é o motoboy Mário Lopes Filho, que teve o carro furtado no Jardim Santana e ainda paga as parcelas de R$ 1.830. Sem seguro, que havia vencido, ele agora acumula dívidas sem o bem. “Sempre que leva prejuízo é o trabalhador. Onde o Estado entra nessa? Até quando vamos suportar isso?”, questiona.
No Cambuí, outro caso escancara o drama. O carro usado por um pedreiro para trabalhar em um condomínio foi furtado após o expediente. A família, sem esperança de recuperação, precisou contrair novo financiamento. “Agora são duas dívidas. Queremos apenas que a justiça seja feita”, desabafa a esposa, que preferiu não se identificar.
A polícia afirma mapear áreas de desmanche e destaca queda de 3,7% nos roubos de veículos. Mas, para as vítimas, a estatística é fria: o carro some, o seguro nem sempre cobre e o Estado assiste de longe.
O trabalhador paga duas vezes: no imposto pago ao governo do estado que não lhe fornece a segurança e na parcela do carro que já não existe. A promessa de segurança pública nas cidades grandes e médias do estado de SP fica a desejar, com falta de polciamento preventivo e poucos profissionais na área de investigação para resolver os delitos.
Fonte: G1 Campinas