Mais de 8 milhões de companhias e 78,2 milhões de brasileiros enfrentam dívidas em atraso, em meio ao maior aperto de crédito desde 2016
Os juros básicos no nível mais alto em quase duas décadas, taxa selec de 15% ao ano, estão deixando um rastro de dificuldades nas finanças de empresas e consumidores no Brasil. O número de inadimplentes atingiu recordes em 2025, mesmo em um cenário de desemprego baixo e crescimento do PIB, ainda que em desaceleração.
Em julho, 8 milhões de empresas, o equivalente a um terço do total, estavam com dívidas em atraso, segundo a Serasa Experian. No caso das pessoas físicas, 78,2 milhões de brasileiros, quase metade da população adulta, estavam negativados.
Embora o Banco Central tenha interrompido a alta da Selic em junho, o efeito do aperto monetário persiste, com crédito mais caro e difícil de obter. A redução no ritmo de novas concessões de empréstimos tornou ainda mais complicada a renegociação de débitos.
Outro fator que agrava o quadro é a perda de renda líquida dos brasileiros, comprimida pela inflação elevada e pelo crescimento dos gastos com apostas esportivas. O setor de serviços concentra a maior parte das companhias endividadas, refletindo seu peso no Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar do cenário adverso, o fim do ano pode trazer algum alívio. A entrada de recursos extras, como o 13º salário e combinada à desaceleração da inflação, pode aumentar a liquidez de empresas e famílias, atenuando parcialmente a escalada da inadimplência.
Fonte: Estadão