Produtores americanos acusam o Brasil de ”canibalizar” os mercados de exportação de sua safra para China
Nas próximas semanas, agricultores dos Estados Unidos iniciarão a colheita de dezenas de milhões de toneladas de soja. Mas o destino do grão, historicamente associado à China, está incerto. Segundo o Wall Street Journal, Pequim não fez reservas de compra neste ano, preferindo fechar negócios com o Brasil, hoje líder global em produção e exportação.
A mudança é reflexo direto da guerra comercial iniciada no governo Donald Trump, que impôs tarifas de 20% contra a China em meio à disputa sobre o fentanil. Pequim retaliou com sobretaxas de até 27,5% sobre a soja americana, abrindo espaço para a competitividade brasileira.
A Associação Americana de Soja (ASA) acusa o Brasil de expandir sua produção às custas do desmatamento e de incentivos chineses em infraestrutura, além de usar a conversão de pastagens degradadas para ampliar áreas de cultivo. O USDA calcula que a área plantada brasileira cresceu 5% ao ano entre 2020 e 2024, contra 2,9% nos EUA. Para 2025, a tendência americana é de retração de 7,1%, no menor patamar em seis anos.
Enquanto a China reforça sua dependência da soja brasileira, agricultores dos EUA pressionam o governo Trump a buscar acordos que derrubem tarifas e garantam compromissos de compra. Sem isso, admitem, a vantagem conquistada pelo Brasil no mercado global pode se consolidar de forma duradoura.
Fonte: Valor Econômico e Reuters