Javier Milei. enfrenta crise de confiança, pressão sobre o peso, desaceleração da atividade e rebotes sociais que põem em xeque o modelo de ajuste radical, que ruma ao fracasso econômico
Nos últimos dois meses, o governo de Javier Milei se viu acuado por uma conjunção de problemas econômicos e políticos que aprofundam a crise iniciada com as reformas drásticas que ele implantou logo no início de seu mandato.
Intervenções no câmbio, inflação ainda elevada, perda de fôlego na recuperação econômica e tensão social compõem o cenário que ameaça desestabilizar o ambicioso experimento liberal do presidente argentino
Uma das mudanças mais visíveis desse período foi a decisão do Banco Central argentino de intervir diretamente no mercado cambial, algo que não ocorria desde que o regime de flutuação controlada foi implementado em abril do mesmo ano. A moeda nacional, o peso, havia ultrapassado o limite superior da faixa de negociação estabelecida, obrigando as autoridades a vender US$ 53 milhões para conter a desvalorização.
Esse movimento evidencia que as pressões sobre o câmbio já não podem mais ser contidas apenas por meio de política monetária ou expectativas, há necessidade de ação concreta, mesmo que isso conflite com alguns dos princípios de liberalização que o presidente defende.
Embora o governo comemore uma queda da inflação mensal para níveis mais baixos do que os vistos em anos anteriores, sua alta acumulada e o efeito nos preços cotidianos continuam sendo motivo de angústia para muitos argentinos.
A política de ajustes rigorosos, com cortes de gastos, privatizações e contenção do gasto público, trouxe resultados macroeconômicos, mas com consequências que pesam sobretudo sobre a população de menor renda: com perda de renda real e deterioração do poder de compra, aumentando a pobreza a inadimplência das famílias e das pequenas empresas.
A recuperação econômica que se desenhava nos primeiros trimestres de 2025 mostra sinais claros de arrefecimento nos últimos dois meses. Dados setoriais indicam que construção, indústria e comércio começam a registrar variações negativas em sua atividade mensal – apesar de ainda haver crescimento interanual em muitos segmentos.
Além disso, pequenas e médias empresas reportam queda de faturamento, e o consumo das famílias recua, pressionado pela inflação residual, juros altos e incerteza cambial.
Fontes: Valor Econômico e El País