Com o dólar oficial acima de 1.500 pesos no Banco de la Nación e o real valendo cerca de 276 pesos; estabilidade cambial ruiu em menos de 60 dias; situação aperta ainda mais o bolso das famílias e reabre um debate feroz sobre o tamanho real da pobreza no país.
O mês de setembro de 2025 não está nada fácil para o povo e para o presidente da Argentina Javier Milei, a confiança na moeda nacional se esvaiu de vez. O sistema cambial do governo está entrando em em colapso, o peso argentino despencou e a população sente no bolso o aprofundamento de uma crise econômica que reverte qualquer expectativa de melhora no curto prazo.
O epicentro do terremoto financeiro foi o câmbio. No Banco de la Nación, a cotação do dólar disparou para 1.515 pesos, um número até recentemente inimaginável. Para os brasileiros entenderem melhor veja o que aconteceu em relação a moeda brasileira lá, o “real brasileiro”em menos de 30 dias saiu de 240 pesos argentinos e nesta sexta chegou a 276 pesos., refletindo a magnitude da desvalorização da moeda argentina.
Para tentar frear a hemorragia, o Banco Central da Argentina (BCRA) recorreu à queima de suas já escassas reservas internacionais. A estratégia, porém, falhou redondamente. “Foi como tentar apagar um incêndio florestal com um copo d’água. O mercado percebeu a fragilidade e atacou, esgotando as reservas e acelerando ainda mais a desvalorização”,
O colapso cambial acendeu o alerta vermelho para a inflação, que está ainda a quase 2% ao mês. Com a moeda valendo menos, todos os produtos importados de alimentos a peças para indústria ficam mais caros. O poder de compra de salários e aposentadorias, já corroídos por anos de inflação alta, continua encolhendo.
O consumo despenca e a pobreza volta a subir em um movimento acelerado, contrariando a narrativa oficial de “melhora” nos números. Estimativas de institutos de pesquisa independentes apontam que o índice de pobreza pode ter superado a barreira dos 50% da população em setembro, um retrocesso devastador para o país.
A frustração e o descontentamento da população transbordaram para as ruas. Protestos e greves multiplicam-se pelo país, organizados por sindicatos, movimentos sociais e cidadãos comuns.
Setembro de 2025 marca, portanto, não apenas uma crise econômica profunda, mas uma ruptura. A quebra de confiança no peso é, na verdade, a quebra de confiança em um projeto econômico que não conseguiu frear a decadência. Enquanto o governo tenta controlar a narrativa, milhões de argentinos enfrentam o drama diário de ver seu dinheiro evaporar e seu futuro se tornar cada vez mais incerto.
Fonte: El país e Estadão