A declaração do promotor Lincoln Gakiya reacende o debate sobre a eficácia das estratégias de enfrentamento ao crime organizado no estado de SP e no país
O promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) do Ministério Público estadual, afirmou nesta terça-feira (23) que o governo paulista precisa assumir sua parcela de responsabilidade no crescimento e na internacionalização do Primeiro Comando da Capital (PCC). Para ele, o Estado “não fez a lição de casa” e se omitiu diante da ascensão da facção.
Segundo Gakiya, a expansão do PCC se deu a partir de uma combinação entre a ausência do poder público e a “negação da realidade”. Segundo o promotor houve um erro grave por parte das autoridades do estado de SP em não reconhecer a dimensão que o PCC estava ganhando, com isso tivemos a transformação de uma pequena facção prisional em um dos maiores grupos criminosos do mundo.
Fundado em 1993 dentro do sistema penitenciário paulista, o PCC cresceu de forma desordenada, aproveitando-se de falhas estruturais na política carcerária e na segurança pública de SP e depois do país. Hoje, a facção não só domina presídios e territórios em praticamente todo o Brasil, como também estendeu suas ramificações para países da América do Sul e outros 28 países, consolidando-se como uma rede transnacional do crime.
Gakiya, que acompanha de perto as investigações sobre a facção há mais de uma década, ressalta que a omissão inicial das autoridades do governo de SP foi determinante para a consolidação do grupo. Para ele, somente o reconhecimento da responsabilidade estatal pode abrir espaço para políticas efetivas de contenção.
A declaração do promotor reacende o debate sobre a eficácia das estratégias de enfrentamento ao crime organizado em São Paulo e no país. Especialistas alertam que, sem uma política de segurança integrada, de inteligência e de controle sobre o sistema prisional, o PCC continuará a expandir suas operações, explorando rotas internacionais e mercados ilícitos.
Fonte: Folha de S.Paulo