A Polícia Civil passou a trabalhar com a tese de que o homicídio foi motivado por uma suposta rede de corrupção na prefeitura, tendo como pano de fundo uma licitação milionária
A investigação sobre a execução do ex-delegado da Polícia Civil e secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, em 15 de setembro, sofreu uma reviravolta. A Polícia Civil passou a trabalhar com a tese de que o homicídio foi motivado por uma suposta rede de corrupção na prefeitura, tendo como pano de fundo uma licitação milionária para a ampliação do sistema de videomonitoramento e Wi-Fi da cidade, estimada em R$ 24,8 milhões.
As apurações revelam que o pregão eletrônico, aberto em 1º de setembro, foi encerrado no mesmo dia do assassinato do secretário. Com as propostas apresentadas, o valor final do contrato ficou abaixo de R$ 20 milhões. A coincidência de datas e o vultoso valor do procedimento licitatório levaram os investigadores a suspeitarem que Ruy Ferraz Fontes foi morto em razão de seu conhecimento ou possível interferência em esquemas irregulares dentro da administração municipal.
Servidores na mira da polícia – para desvendar os elos entre a licitação e o crime, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra cinco servidores da Prefeitura de Praia Grande. Um dos alvos de maior destaque é o subsecretário de Gestão e Tecnologia, Sandro Rogerio Pardini. Em sua residência, no bairro Embaré, os agentes apreenderam armas, equipamentos eletrônicos e dinheiro.
Além de Pardini, também foram alvos das buscas:
- Um agente de fiscalização na Secretaria de Urbanismo;
- Um funcionário da Secretaria de Administração;
- Um engenheiro da Secretaria de Planejamento;
- Uma diretora de departamento da Secretaria de Planejamento.
Andamento das investigações do homicídio – no front do inquérito pelo assassinato, quatro pessoas já foram presas: Dahesly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista (Fofão), Rafael Marcell Dias Simões (Jaguar) e Willian Silva Marques. O homem apontado como o possível atirador, Umberto Alberto Gomes, foi morto em um confronto com a Polícia Civil no Paraná, no último dia 30.
No entanto, três outros suspeitos pela participação no crime seguem foragidos. São eles: Felipe Avelino da Silva, Flávio Henrique Ferreira de Souza e Luiz Antonio Rodrigues de Miranda.
Posicionamento da Prefeitura – em nota, a Prefeitura de Praia Grande afirmou ter ciência das investigações e disse manter “contato constante com a Polícia Civil”. A administração municipal garantiu que está “colaborando integralmente com as investigações, fornecendo imagens, informações e demais materiais solicitados”.
As investigações seguem para determinar com precisão a ligação entre a execução do ex-delegado e a suposta trama de corrupção na prefeitura, que teria a licitação de videomonitoramento como um de seus principais eixos.
Fonte: G1 São Paulo