Criminosos arrecadaram R$ 14 mil com campanha falsa que se apropriava da trajetória de superação de Cotinha; adoção comoveu o país, mas agora é usada por golpistas.
Uma campanha de solidariedade que comoveu o país se tornou alvo de criminosos. A história de Cotinha, idosa que viveu por 50 anos internada em um hospital e foi adotada por uma funcionária da unidade após seu fechamento, está sendo usada de forma fraudulenta para aplicar golpes no interior de São Paulo.
A falsa vaquinha, que circulava comovendo internautas, utilizava imagens reais de Gláucia Andressa dos Santos Gomes, lactarista clínica que adotou Cotinha em 2016, além de uma narrativa comovente baseada em fatos verdadeiros. Um detalhe, no entanto, chamou a atenção: a página pedia doações via PIX para um CNPJ ligado ao setor de jogos de azar e apostas prática comum entre golpistas para dificultar o rastreamento.
Gláucia descobriu a fraude após receber diversas mensagens de amigos e seguidores preocupados, perguntando se ela realmente precisava de ajuda financeira novamente. A imagem usada era de 2022, quando ela sofreu um acidente grave, quebrando a perna em seis lugares e precisando de quatro cirurgias. Na época, uma vaquinha verdadeira arrecadou R$ 100 mil para custear o tratamento. Agora, os golpistas se aproveitaram dessa antiga mobilização para tentar arrecadar R$ 40 mil. Cerca de R$ 14 mil chegaram a ser transferidos antes da página sair do ar.
“Estão usando uma dor real da minha família para enganar as pessoas. Hoje não precisamos de ajuda, mas e se no futuro a Cotinha precisar de verdade?”, desabafou Gláucia, que registrou boletim de ocorrência e fez um apelo para que as pessoas não realizem doações sem antes verificar a autenticidade da campanha.
A especialista em segurança digital Kalinka Castelo Branco alertou que o uso de CNPJs de empresas em setores como apostas é uma prática comum entre golpistas. “Eles compram ou utilizam dados de empresas já existentes para criar campanhas falsas e movimentar dinheiro via Pix, dificultando a identificação da origem”, explicou. Ela reforça que, ao suspeitar de fraude, é fundamental registrar boletim de ocorrência e denunciar o perfil falso à plataforma responsável pela vaquinha.
Cotinha, hoje com renda própria e acolhida por Gláucia, representa uma história de afeto e superação. Infelizmente, sua trajetória passou a ser usada como isca para golpes. O caso serve como alerta para que o público redobre a atenção antes de doar e sempre desconfie de campanhas que não fornecem informações claras e verificáveis.
Como se proteger de golpes com vaquinhas falsas:
- Verifique se a campanha está em sites confiáveis e reconhecidos;
- Confira o nome e o CNPJ ou CPF associado ao PIX;
- Procure nas redes sociais o responsável pela campanha para confirmar a veracidade;
- Em caso de suspeita, não transfira valores e registre um boletim de ocorrência.
Fonte: g1.com