Dispositivo portátil criado por pesquisadores de São Carlos identifica proteína ligada à saúde mental e pode, no futuro, ajudar a diagnosticar transtornos como Alzheimer e bipolaridade
Um novo dispositivo desenvolvido por cientistas do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), em São Carlos (SP), pode transformar a forma como a depressão é diagnosticada. Utilizando uma simples amostra de saliva, o teste promete agilizar e baratear o diagnóstico da doença, com resultados que podem ser analisados até mesmo por meio de um smartphone.
Atualmente, o diagnóstico de depressão depende de avaliações clínicas e, quando feito por biomarcadores, requer exames laboratoriais especializados, que envolvem altos custos e maior tempo de espera. A inovação da USP busca justamente romper essas barreiras, oferecendo um método mais acessível, rápido e de baixo custo, cada unidade do sensor deve custar menos de R$ 15.
O dispositivo identifica os níveis de uma proteína chamada BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), substância cuja concentração está diretamente relacionada à saúde mental. “Quanto menor o nível de BDNF, maior o risco de desenvolvimento de distúrbios neurológicos e psiquiátricos”, explica Paulo Augusto Raymundo Pereira, um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto.
Segundo ele, o sensor mede a condutividade elétrica da saliva e detecta alterações associadas à quantidade da proteína. O resultado pode ser visualizado em tempo real por meio de um aplicativo no celular, facilitando o acompanhamento médico e a triagem de pacientes em larga escala.
Além de ser descartável e fabricado com materiais de baixo impacto ambiental, o sensor já passou por testes com humanos, com resultados positivos publicados na revista científica ACS Polymers Au, da American Chemical Society.
A expectativa dos pesquisadores é que, no futuro, a tecnologia também possa contribuir para o diagnóstico de outras doenças neuropsiquiátricas, como Alzheimer e transtorno bipolar, abrindo caminho para uma nova era na detecção precoce de transtornos mentais
Fonte: g1.com