Partido de Milei se impõe como principal força com 40,8% dos votos; Governo garante mais folga no Congresso para avançar em reformas de austeridade
O presidente argentino Javier Milei obteve uma vitória surpreendente nas eleições legislativas deste domingo (26/10), conquistando a consagração popular que havia prometido para sinalizar o apoio ao seu governo e pavimentar o caminho para a reeleição em 2027.
Os argentinos decidiram dar um forte respaldo ao mandatário. Os resultados, com mais de 97% das urnas apuradas, mostram que o mileísmo conseguiu se impor como a principal força política do país. O partido governista A Liberdade Avança obteve 40,8% do total de votos, garantindo 64 das 127 cadeiras em disputa na Câmara dos Deputados (metade dos 257 assentos foram renovados). No Senado, onde 24 das 72 vagas estavam em jogo, a sigla de Milei conquistou 13 assentos.
O governo conseguiu ir além da meta de 86 vagas (o mínimo para evitar que os vetos presidenciais fossem derrubados na Câmara) e ganhou a estratégica província de Buenos Aires, tradicional bastião peronista. A aliança governista se impôs em 15 das 23 províncias, além da capital.
Do lado opositor, o peronismo, pelo Força Pátria nacional e regional, alcançou 31,6% e 44 cadeiras na Câmara. Em segundo lugar, o resultado coloca mais pressão sobre o movimento, desarticulado desde o fracasso do governo de Alberto Fernández (2019-2023).
O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, principal oponente de Milei, queixou-se da falta de diálogo com o governo nacional e criticou a estratégia de aproximação com os EUA de Donald Trump.
“O povo argentino decidiu deixar para trás cem anos de decadência e persistir no caminho da liberdade, do progresso e do crescimento, hoje começa a construção da Argentina grande,” discursou Milei por volta das 22h30, comemorando a vitória e agradecendo aos membros do seu gabinete.
A vitória legislativa, impulsionada pela desaceleração da inflação após o duro ajuste promovido pelo governo, dará mais folga à Casa Rosada no Congresso para tentar passos maiores, como reformas e aprovação de cortes de gastos para defender o plano de austeridade.
O triunfo ocorre em meio a uma necessária recomposição do gabinete, com as saídas do chanceler Gerardo Werthein e do ministro da Justiça Mariano Cúneo Libarona, além dos ministros Patricia Bullrich (Segurança) e Luis Petri (Defesa), que foram eleitos senadora e deputado, respectivamente.
A eleição também foi marcada pela baixa participação dos eleitores. Mais de 11 milhões de pessoas, ou 32% do total, não votaram, resultando na menor taxa de participação (67,9 %) desde a redemocratização em 1983. O voto é obrigatório no país
Pela primeira vez, foi utilizado o sistema de cédula única de papel, visando reduzir custos e agilizar a contagem dos votos, embora tenha aumentado o tempo de espera em alguns locais.
Fonte: Folha de S. Paulo







