Mulher afirmou que comentário era “piada infeliz”, mas acabou detida pela Polícia Federal; especialistas alertam que menções a explosivos em aeroportos são tratadas como ameaça real e podem levar à prisão
Uma frase dita em tom de brincadeira foi suficiente para transformar o embarque de uma passageira em um problema policial no Aeroporto Internacional de Brasília. No último domingo (26), Karyny Virgino Silva foi detida pela Polícia Federal após responder, durante o procedimento de embarque, que só teria “uma bomba” em sua bagagem. Depois, ela afirmou que tudo não passava de uma piada infeliz, mas o caso foi tratado como uma ocorrência grave de segurança.
Segundo a Polícia Federal, qualquer menção a explosivos dentro de aeroportos é considerada uma ameaça à segurança de voo. Por isso, mesmo sem encontrar nenhum material suspeito, os agentes prenderam Karyny em flagrante. A ação seguiu os protocolos internacionais de aviação civil, que determinam a investigação imediata de qualquer declaração relacionada a bombas, armas ou itens perigosos.
A legislação brasileira é clara quanto a esse tipo de situação. O artigo 261 do Código Penal prevê pena de dois a cinco anos de reclusão e multa para quem expõe a perigo a segurança de transportes públicos, como aviões, trens ou navios. A regra abrange também atos ou falas que possam impedir ou dificultar a navegação aérea, mesmo que não exista risco concreto.
Para o perito aeronáutico Daniel Calazans, as autoridades não podem interpretar uma ameaça de bomba como brincadeira. Segundo ele, qualquer declaração desse tipo exige resposta imediata. “Se alguém diz que tem uma bomba a bordo, a polícia precisa tratar o caso como real até que se prove o contrário. Não há espaço para interpretações”, explica o especialista.
Durante o check-in, companhias aéreas fazem perguntas padronizadas sobre itens proibidos. Entre os materiais vetados estão explosivos, combustíveis, gases comprimidos e substâncias radioativas. As normas são rígidas justamente para evitar que uma situação aparentemente inofensiva coloque em risco a segurança de todos os passageiros.
Casos como o ocorrido em Brasília mostram que, em ambientes de segurança máxima como os aeroportos, o humor pode ter consequências sérias. O que começa como uma tentativa de brincadeira pode terminar em detenção, multa e até condenação criminal.
Fonte: g1.com
