Corpos foram encontrados em área de mata na Serra da Misericórdia, onde ocorreram confrontos entre forças de segurança e traficantes; mortes ainda não constam no balanço oficial do governo do estado
Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, transportaram pelo menos 54 corpos até a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, durante a madrugada desta quarta-feira (29). A ação ocorreu um dia após a operação policial mais letal já registrada no estado, realizada nas comunidades da Penha e do Alemão.
De acordo com informações, os corpos estavam em uma área de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, local que concentrou os intensos confrontos entre policiais e traficantes. A cena chamou atenção pela dimensão da tragédia e pela mobilização dos moradores, que relataram ainda haver vítimas não resgatadas no alto do morro.
O governo do Rio de Janeiro havia informado, ontem, que 60 suspeitos e quatro policiais morreram durante a megaoperação. No entanto, o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou nesta quarta-feira que os corpos levados à praça não constam no balanço oficial divulgado pelo estado.
Se for confirmada a relação dessas mortes com a ação policial, o total de vítimas poderá ultrapassar a marca de 100.
O ativista Raull Santiago, que participou da retirada dos corpos da mata, descreveu a situação como a mais violenta que já presenciou. Segundo ele, em mais de três décadas vivendo na favela, jamais havia visto algo com tamanha brutalidade.
O traslado dos corpos até a praça, segundo relatos de moradores, teve como objetivo facilitar o reconhecimento por familiares. A Polícia Civil informou que o atendimento às famílias será realizado no prédio do Detran, ao lado do Instituto Médico-Legal (IML), a partir das 8h desta quarta-feira. Durante o procedimento, o acesso ao IML ficará restrito a agentes da Polícia Civil e membros do Ministério Público, responsáveis pelos exames periciais.
As necropsias de outros casos sem ligação com a operação serão feitas no IML de Niterói. As autoridades afirmaram que será feita uma perícia detalhada para confirmar a origem e as circunstâncias das mortes.
Fonte: g1.globo.com







