Moisés Marques (PL) vereador de Rio Claro é cassado após conduta irresponsável; ele invadiu uma UPA, fez filmagens, quis mais um espetáculo político do que resolver os problemas do município
O cenário político de Rio Claro (SP) foi sacudido na última quarta-feira (29) com a cassação do mandato do vereador bolsonarista Moisés Marques (PL). Em uma votação que confirmou as conclusões de uma Comissão Processante, o parlamentar teve seu cargo destituído por quebra de decoro parlamentar, um epílogo amargo para uma ação performática e, segundo denúncias, fatalmente irresponsável.
Marques foi penalizado por ter invadido uma área restrita da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Cervezão em janeiro deste ano, sob a controversa alegação de “fiscalização”, e gravado vídeos no local. O que o vereador talvez tenha visto como uma manobra política ou denúncia de saúde pública se transformou em uma grave acusação de abuso de poder, culminando em sua cassação por uma ampla maioria na Câmara – 15 votos a 3.
Consequências – o cerne da denúncia, acatada pela Comissão Processante em 23 de outubro, revela a gravidade da conduta de Marques. A quebra de decoro não foi um mero deslize, mas sim uma série de ações que incluíram interferência em atendimentos, invasão de espaços restritos, violação de sigilo médico e coação a funcionários.
O ponto mais dramático e crítico da acusação reside no depoimento de Luísa Ceriani, filha de uma paciente idosa internada no quarto feminino restrito. Ela denunciou que a invasão do vereador, motivada por fins políticos, agravou o quadro clínico de sua mãe, levando a idosa à morte. Caso confirmada a correlação, a “fiscalização” se tornaria um episódio de irresponsabilidade política com uma consequência humana irreparável.
Com a decisão, Moisés Marques não apenas perde o mandato, que será assumido pela suplente Neia Garcia (PL), mas também enfrenta uma punição política de longo prazo: a inelegibilidade por 11 anos. Ele está impedido de disputar qualquer eleição até 2036, um duro golpe em sua trajetória.
Em uma tentativa de defesa pública, Marques usou suas redes sociais para alegar que o julgamento foi transformado em “um ato de vingança e perseguição“. Contudo, a esmagadora maioria dos votos pela cassação, incluindo o de um colega de partido (Sivaldo Faísca, do PL), sugere que a Casa de Leis considerou a gravidade da violação das regras e do impacto de suas ações, em detrimento de uma leitura puramente política.
A cassação de Moisés Marques serve como um alerta contundente: o mandato parlamentar é um instrumento de trabalho e fiscalização com limites éticos e legais. O uso do cargo para espetáculos midiáticos ou ações arbitrárias, especialmente em ambientes sensíveis como hospitais e UPA’s, tem um preço alto, que, neste caso, foi a perda do mandato e o banimento da vida pública por mais de uma década.
Fonte: G1 São Carlos
 
											






 
								 
								 
								 
								 
								 
								 
								
