Grupo de estudantes do ensino médio desenvolve produto à base de isopor e óleos essenciais como alternativa ao silício; pesquisa premiada ainda enfrenta desafios para avançar
Uma tinta semicondutora desenvolvida por alunas da Escola Estadual Sebastião de Oliveira Rocha, em São Carlos (SP), pode se tornar uma alternativa mais barata e sustentável ao silício utilizado na fabricação de placas solares. O projeto, criado por um grupo de estudantes do ensino médio, surgiu dentro do coletivo “InfoLadies – Sustentabilidade e Nanotecnologia” e já demonstra resultados promissores.
O produto combina óleos essenciais e isopor, formando uma tinta capaz de conduzir eletricidade. Segundo os primeiros testes, um protótipo da placa solar produzida com essa composição conseguiu gerar energia suficiente para ligar uma calculadora. A professora de química Bárbara Daniela Guedes Rodrigues, orientadora do grupo, explica que a ideia nasceu a partir da observação dos altos custos e do impacto ambiental do silício, material tradicionalmente utilizado em painéis solares.
De acordo com a docente, a produção do silício demanda grande quantidade de energia elétrica e resulta em um produto pesado, o que encarece e dificulta a montagem das placas. A tinta desenvolvida pelas estudantes contém partículas de nanocarga de carbono, que, ao serem incorporadas em outros materiais, modificam suas propriedades e permitem a condução elétrica.
Os experimentos já renderam dois protótipos. O primeiro, feito com impressão 3D, não apresentou o desempenho esperado. No entanto, o segundo modelo, composto por uma placa de vidro com fitas de LED conectadas às tintas condutivas, mostrou resultados positivos.
Premiado em 2024 em um programa da Samsung voltado à resolução de desafios sociais, o projeto agora enfrenta obstáculos para obter insumos e dar continuidade às pesquisas. As alunas e a professora acreditam que a tinta pode, no futuro, substituir o silício nas placas solares, tornando a tecnologia mais acessível e ecológica.
Além de reduzir o impacto ambiental, o custo da inovação é significativamente menor. Enquanto 5 ml de tinta à base de nanocarga de carbono custam cerca de R$ 26, a mesma quantidade do produto criado pelas estudantes pode ser produzida por aproximadamente R$ 0,50, o que reforça seu potencial para revolucionar a produção de energia solar no país.
Fonte: g1.globo.com







