País vai às urnas no domingo (16/11) para escolher o sucessor do presidente de esquerda Gabriel Boric
O Chile se prepara para um novo capítulo político com as eleições presidenciais marcadas para o próximo domingo (16). A votação definirá quem sucederá o presidente Gabriel Boric, que, por lei, não pode disputar a reeleição imediata. O país chega ao pleito em meio a debates sobre o legado da ditadura militar, desafios sociais e a importância estratégica de sua economia mineral.
Um dos marcos mais dolorosos da história chilena é o golpe militar de 11 de setembro de 1973. Na data, o general Augusto Pinochet derrubou Salvador Allende, primeiro presidente marxista eleito democraticamente na América Latina. Allende morreu no palácio presidencial, e o país mergulhou em um regime autoritário que durou 17 anos.
Durante a ditadura, milhares de pessoas foram presas, torturadas ou assassinadas. Estima-se que mais de 3.200 tenham sido mortas, incluindo 1.162 desaparecidos. Relatos de opositores lançados ao mar e de adoções ilegais de crianças simbolizam a brutalidade do período. De acordo com a Comissão Nacional de Verdade e Reconciliação, mais de 27 mil cidadãos sofreram algum tipo de prisão política ou tortura entre 1973 e 1990.
Após ser derrotado em um plebiscito, Pinochet transferiu o poder em 1990 para o democrata-cristão Patricio Aylwin, eleito em 1989. Mesmo fora da presidência, o general manteve-se no comando das Forças Armadas por mais oito anos e morreu em 2006 sem enfrentar julgamento pelos crimes cometidos durante seu governo.
A Constituição imposta por Pinochet ainda rege o país. Em 2022 e 2023, os chilenos rejeitaram em referendos duas propostas de nova Carta Magna. A primeira foi apoiada por Boric, e a segunda elaborada por setores ligados à direita e defensores do legado pinochetista.
Além das feridas históricas, o Chile lida com questões contemporâneas que influenciam o debate eleitoral, como a expansão da mineração de cobre, base da economia nacional e o crescimento da imigração, especialmente de cidadãos vindos da Venezuela e do Haiti. Esses temas se somam às discussões sobre desigualdade, segurança e futuro político, compondo o pano de fundo de uma das eleições mais observadas da América do Sul.
Fonte: jovempan.com.br







