Prisão preventiva e violação de tornozeleira são vistos como “janela de oportunidade” para os partidos do Centrão conquistarem o poder total em Brasília.
A crise jurídica envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com o recente episódio de violação da tornozeleira eletrônica e sua prisão preventiva, está sendo encarada por líderes dos partido do Centrão-Arenão como o momento ideal para forçar uma nova arquitetura eleitoral nas eleições presidenciais de 2026.
Integrantes de cúpula dos partidos que compõem o Centrão-Arenão (como PP, União Brasil, PSD e o próprio PL, que juntos controlam o Congresso Nacional) veem nos reveses judiciais do ex-presidente uma “nova janela de oportunidade” para pressionar pela formação de uma chapa presidencial que não tenha nenhum membro da família Bolsonaro como cabeça de chapa, no máximo como vice. O objetivo central é pavimentar o caminho para um candidato de confiança e pertencente ao próprio grupo político.
Há meses, governadores de direita e os líderes do Centrão-Arenão têm tentado costurar uma chapa que pudesse ter o apoio de Bolsonaro, considerado essencial para garantir a viabilidade eleitoral e transferir votos em um cenário de polarização. A alta rejeição de alguns nomes e a necessidade de herdar parte da base bolsonarista tornam a bênção do ex-presidente um ativo de alto valor.
No entanto, a resistência parte, principalmente, dos filhos do ex-presidente. Eles têm se manifestado publicamente contra qualquer arranjo que exclua um membro da família Bolsonaro do topo da chapa, defendendo que o legado e a liderança do campo conservador permaneçam sob o controle do clã.
Com o agravamento da situação legal de Jair Bolsonaro, a avaliação nos bastidores do Centrão-Arenão é que a influência e o poder de veto da família podem diminuir. A fragilidade política e jurídica do ex-presidente pode forçar os herdeiros a ceder em nome da manutenção de poder e da sobrevivência do projeto político de direita no Executivo, abrindo espaço para um nome do bloco que já controla o Legislativo.
Fonte: Folha de S. Paulo







