Polícia aponta que mensagens atribuídas ao crime organizado foram criadas pelo próprio político e por um aliado nas eleições de 2024 em à Prefeitura de Itapetininga (SP)
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra o ex-candidato à Prefeitura de Itapetininga (SP) Milton de Oliveira Júnior e o aliado dele, Eliabe Venâncio, por suspeita de fabricar mensagens que simulavam ameaças de uma facção criminosa durante as eleições municipais de 2022. A informação foi confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Com a decisão, ambos passam a responder como réus no processo. A investigação teve início após Milton, então filiado ao PL, e a coligação “Coragem para Mudar” relatarem o recebimento de mensagens que supostamente indicavam um plano criminoso envolvendo integrantes do crime organizado e autoridades da região. Segundo o grupo político, o conteúdo sugeria a intenção de interferir no resultado do pleito.
A versão apresentada pelo ex-candidato começou a ruir após a conclusão do inquérito da Delegacia de Investigações Gerais, em maio deste ano. A apuração envolveu quebras de sigilo e perícia em celulares e apontou que os registros usados para sustentar a denúncia eram forjados. De acordo com o relatório policial, o número que enviou as supostas ameaças já constava nos contatos de Milton antes da data em que ele afirma ter recebido o conteúdo. Além disso, tanto o chip quanto a conta de WhatsApp estavam vinculados a e-mails pessoais dos investigados, com autenticação em dois fatores.
Os investigadores também identificaram trocas de mensagens entre Milton, Eliabe e o número utilizado para as ameaças. O material revela conversas sobre compra de votos, manipulação de enquetes e criação de identidades falsas para registrar o chip usado no envio das mensagens. Em depoimento, Eliabe admitiu ter criado e repassado o aparelho empregado na operação a um terceiro ligado ao ex-candidato.
A análise dos celulares mostrou ainda contradições entre os relatos de Milton e os dados coletados, incluindo acessos a contas bancárias e e-mails conectados ao esquema. Os IPs rastreados nas mensagens partiram de endereços profissionais vinculados ao ex-candidato, o que enfraquece a narrativa apresentada por ele no início das investigações.
A defesa de Milton afirma que aguarda a citação formal do réu. Já a defesa de Eliabe declarou ter recebido a notícia com surpresa, argumentando que ele não aparecia como denunciado no relatório final da Polícia Civil.
Fonte: g1.globo.com







