Pesquisa da FGV aponta que mercado ilegal de cigarros movimenta bilhões e está associado a homicídios, tráfico e roubos de veículos
Um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) revela que o mercado ilegal de cigarros, responsável por cerca de 30% dos produtos vendidos no Brasil, tem relação direta com a criminalidade. Segundo o estudo, cada ponto percentual de aumento do comércio clandestino corresponde a 239 homicídios dolosos por ano, quase 900 novos casos de tráfico e cerca de 3 mil roubos de veículos.
A pesquisa estima que o contrabando de cigarros movimenta R$ 10,2 bilhões anualmente para o crime organizado, representando 7% do faturamento total das facções. A alta liquidez e a facilidade de revenda tornam o produto atrativo para atividades ilícitas.
Em Minas Gerais, o impacto do mercado ilegal é significativo. Dados do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) indicam que, em 2024, o estado registrou R$ 466 milhões em circulação de cigarros clandestinos, resultando em perda de R$ 117 milhões apenas em ICMS. Entre 2012 e 2024, foram fechadas 11 fábricas clandestinas, a segunda maior quantidade do país, atrás de São Paulo, com 22.
O presidente do FNCP, Edson Vismona, afirma que a relação entre contrabando e crime organizado deixou de ser uma hipótese. Ele aponta que, além dos impactos ao consumidor, ao poder público e às empresas legais, há um efeito direto na segurança pública.
O cigarro é um dos produtos mais buscados por facções devido à alta carga tributária, acima de 80%, que torna o produto clandestino competitivo frente ao mercado legal. “Como não há imposto, o lucro é alto e o risco é baixo, o que incentiva o crime”, afirmou Vismona.
Ele também destaca o aumento de fábricas clandestinas dentro do Brasil, que utilizam mão de obra análoga à escravidão, não pagam tributos e ficam próximas do mercado consumidor. Segundo Vismona, o cenário indica mudança no mercado ilegal, antes dependente da rota caipira nas fronteiras com Paraguai e Bolívia. Minas Gerais se torna estratégico por conectar o Sudeste ao Nordeste e Centro-Oeste.
Fonte: otempo.com.br







