Pesquisa do Hospital de Amor em Barretos identifica características específicas de tumores pediátricos e aponta caminhos para terapias personalizadas
Pesquisadores do Hospital de Amor em Barretos (SP) descobriram que tumores de células germinativas em crianças apresentam perfis imunológicos distintos. A descoberta inédita pode ajudar a desenvolver tratamentos mais específicos e eficazes para pacientes pediátricos com tipos raros de câncer.
O estudo foi premiado no Congresso da Sociedade Latinoamericana de Oncologia Pediátrica (SLAOP), realizado em junho na Colômbia, e representa um avanço importante, já que testes clínicos em crianças são restritos por lei no Brasil e em outros países.
Tumores de células germinativas representam cerca de 3% dos casos de câncer pediátrico. De acordo com os pesquisadores, esses tumores são heterogêneos e podem surgir em diferentes partes do corpo, incluindo ovários, testículos, sistema nervoso central e mediastino, a cavidade torácica. Eles também apresentam variações celulares conhecidas como tipos histológicos.
A coordenadora do estudo, Mariana Tomazini, explicou que foram analisadas amostras de 17 pacientes diagnosticados entre 2000 e 2021. Foram examinados aproximadamente 800 genes relacionados ao perfil imunológico, e os resultados mostraram que os diferentes tipos histológicos apresentavam padrões de expressão gênica distintos.
Os pesquisadores identificaram subtipos de tumor com assinaturas biológicas específicas:
- Disgerminomas, encontrados nos ovários, apresentaram defesas ativas do organismo, indicando que poderiam responder bem a imunoterapia já utilizada em outros cânceres.
- Tumores do seio endodérmico (YST) mostraram resistência à quimioterapia e comportamento mais agressivo.
- Carcinomas embrionários apresentaram altos níveis da molécula CD24, associada ao crescimento do câncer e à resistência a determinados medicamentos.
Mariana Tomazini destacou que, ao desenvolver terapias capazes de inibir a CD24 em pacientes com maior expressão, seria possível tornar o tratamento mais eficaz e personalizado.
A descoberta representa um passo importante para a criação de novas terapias voltadas ao câncer infantil. A pesquisadora reforça que avanços como este aumentam as chances de desenvolver imunoterapia e terapias-alvo, opções ainda inexistentes para crianças e adolescentes com tumores de células germinativas.
Fonte: g1.globo.com







