Os dados escancaram a profunda desigualdade social que marca a jornada educacional brasileira, especialmente no acesso ao ensino superior de qualidade.
Os dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2025 do IBGE escancaram a profunda desigualdade social que marca a jornada educacional brasileira, especialmente no acesso ao ensino superior de qualidade.
A trajetória escolar no país revela uma inversão no perfil socioeconômico dos estudantes à medida que avançam nos níveis de ensino, culminando na sub-representação dos mais pobres nas universidades públicas.
A parcela dos 20% mais pobres da população representa uma fatia majoritária no início da educação básica pública, mas quase desaparece no ensino superior.
- Pré-escola Pública: em 2024, 41% dos estudantes da pré-escola (crianças de quatro e cinco anos) na rede pública pertenciam a esse grupo de menor rendimento.
- Universidade Pública: no entanto, esse percentual despenca para apenas 12% dos alunos das universidades públicas.
- Houve uma ligeira queda em comparação com 2023 (12,3%), mas uma evolução em relação a 2016 (8,1%).
- Universidade Privada: a situação é ainda pior na rede privada de ensino superior, onde os mais pobres representavam apenas 6,8% dos estudantes em 2024.
Em contrapartida, os 20% da população com maior rendimento demonstram uma presença crescente e dominante no ensino superior, especialmente no setor privado, mas com forte presença também no público.
- Pré-escola Pública: eles eram apenas 3,6% dos estudantes da rede pública na pré-escola.
- Universidade Pública: essa participação salta para 28% dos alunos nas universidades públicas.
- Em 2023, essa parcela mais rica era 29,1% dos matriculados, indicando uma leve variação.
- Ensino Privado: os mais ricos compõem 37,9% na pré-escola privada e 34% das matrículas nas universidades privadas.
Os dados do IBGE confirmam que, enquanto o ensino básico é amplamente dominado pela rede pública, o ensino superior inverte o quadro:
- Geral: 74% dos estudantes brasileiros no ensino superior estavam matriculados na rede privada em 2024, e apenas 26% nas universidades públicas.
- Em números absolutos, eram 6,9 milhões de estudantes em universidades privadas contra 2,4 milhões nas públicas.
- Diferenças Regionais: a maior diferença ocorre no Sudeste, com 78,6% em particulares e 21,4% em públicas (81,3% em SP), e a menor no Nordeste, com 63,5% em particulares e 36,5% em públicas.
A pesquisa também aponta disparidades que afetam a qualidade da educação pública:
- Tamanho das Turmas:
- A média de alunos por turma na pré-escola pública é de 18,7, 5 alunos a mais que nas privadas.
- Já no ensino fundamental público, a média de 22,3 alunos por turma é superior à média de países da OCDE (20,8).
Em relação ao perfil dos alunos de universidades públicas, a pesquisa aponta:
- Cor/Raça: 51,7% dos estudantes eram pretos e pardos, e 47,2% eram brancos.
- Gênero: Havia um predomínio de mulheres (51,3%) em relação aos homens (48,7%).
O estudo do IBGE reforça que as barreiras sociais e econômicas se impõem ao longo da vida escolar, resultando em um afunilamento que concentra a oportunidade de acesso ao ensino superior de maior qualidade (a rede pública) nos estratos de renda mais altos.
Fonte Folha de S. Paulo







