Grupo ligado ao tráfico, marcado pelo chamado “narcopentecostalismo”, tem atuação consolidada na Cabana do Pai Tomás na Região Metropolitana de Belo Horizonte e é apontado como a terceira maior força do crime organizado no país
A atuação do Terceiro Comando Puro (TCP), facção criminosa originária do Rio de Janeiro e marcada pelo uso de discursos religiosos como instrumento de dominação, avançou de forma significativa na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O braço mineiro da organização voltou ao centro das atenções nesta quinta-feira (4/12), após um confronto no bairro Pilar, na Região do Barreiro, que terminou com dois mortos.
De acordo com investigações das forças de segurança, o TCP mantém presença consolidada na comunidade da Cabana do Pai Tomás, na região Oeste da capital. O comando da facção em Minas Gerais é atribuído a Rafael Carlos da Silva Ferreira, conhecido como “Paraíba” ou “Parazão”, de 34 anos, apontado como o principal líder do grupo no estado e responsável por controlar a parte alta da comunidade.
A influência da organização também se estende para cidades da Zona da Mata e da divisa entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro, como Além Paraíba, onde moradores relatam aumento da intimidação, do tráfico de drogas e da insegurança. A expansão territorial do TCP tem sido acompanhada de disputas violentas com grupos rivais e operações constantes das polícias Civil e Militar.
Em dezembro de 2024, a Justiça mineira condenou 13 integrantes da facção por crimes relacionados ao tráfico de drogas, associação criminosa e porte ilegal de armas. As penas variaram entre cinco anos e quatro meses a mais de 22 anos de prisão, evidenciando a estrutura organizada do grupo no estado.
Relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aponta que o TCP já é a terceira maior força do crime organizado no Brasil, ficando atrás apenas do Comando Vermelho e do Primeiro Comando da Capital (PCC). Um dos traços mais peculiares da facção é o chamado “narcopentecostalismo”, fenômeno em que símbolos, trechos bíblicos e discursos religiosos são utilizados para justificar o controle territorial e a violência. Essa associação, no entanto, é fortemente rejeitada por igrejas evangélicas tradicionais, que repudiam qualquer vínculo com a criminalidade.
O confronto no bairro Pilar é mais um episódio que acende o alerta das autoridades sobre o avanço da facção na capital mineira e região metropolitana, reforçando a preocupação com a interiorização do crime organizado e o fortalecimento de grupos criminosos fora do eixo Rio–São Paulo. As investigações sobre o caso seguem em andamento.
Fonte: O Tempo e Rádio Itatiai







